Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 15 de julho de 2017

TIMOLÉON ZALLONY

O francês Edouard Timoléon Zallony estava no Rio de Janeiro em 1840 no posto de capitão do Estado-Maior da França. Já anunciava suas lições de desenho e o retrato de pessoas. Em 1844 se transfere para Rio Grande para ocupar o cargo de professor público de francês, desenho etc. Em 1846, com autorização do Conde de Caxias, foi criada em Rio Grande a primeira escola de desenho da Província. Zallony atuou como professor nesta escola. Além de retratista, Zallony foi um dos pioneiros da fotografia. Em 1851, vindo de Marselha, estava atuando como fotógrafo (daguerriótipo) em Rio Grande  e dez anos depois instalou estúdio fotográfico em Porto Alegre, após ter realizado estudos nos Estados Unidos. Em 1854, fundou a Sociedade Instrução e Recreio, que além dos bailes também ofertava aulas de diferentes conteúdos para os associados. Sua destacada atuação durante a epidemia de cólera foi reconhecida pela Câmara dos Vereadores e o nome da Rua do Corpo da Guarda, foi modificada em dezembro de 1858 por iniciativa do vereador Antonio Bonone Martins. Passou a se chamar rua Zallony, uma das mais importantes do centro da cidade. Ele retornou para a França no ano de 1864 e anos mais tarde um jornal francês de 1897 anunciava os seus services: “Zallony Timoléon, 86 ans, rue de l'Aigle d'Or. Docteur. A&il. 1T. Médecin Spécialiste. Pour les maladies des Yeux, du Larynx, de la ...”. No ano de 1904, uma Comissão de Aix (Departamento de Marselha), divulgava que o testamento de Zallony contemplava o seu ex-escravo João Otelo (terá sido localizado ou já falecera?). Mesmo tendo passado tantas décadas, Zallony não havia esquecido alguns vínculos afetivos construídos em Rio Grande.
A experiência no combate ao cólera em Rio Grande e também no Salto (Uruguai), foram as bases para  a escrita de um livro sobre a epidemia de cólera: Le Choléra El La Manière d’en Réduire La Mortalité. Aix, Imprimerie Nicot, 1884. O livro de Zallony é uma fonte para adentrar naquele período crítico vivido em Rio Grande e obter informações mais detalhadas sobre as formas usadas para salvar os coléricos.
         A dedicatória no prefácio do livro remete a outro personagem de destaque durante a epidemia: o Dr. Pio Angelo da Silva nascido em Rio Grande em 1818. Eles atuaram juntos no combate ao flagelo e conseguiram obter avanços importantes na redução da mortalidade. Dr. Pio teve uma longa trajetória como médico e obteve o apelido de ‘pai dos pobres’ junto a comunidade. Zallony dedica o livro ao “Doutor Pio Ângelo da Silva da Faculdade de Paris” com as seguintes palavras: “Caro Amigo. Estamos aí juntos... juntos também assistimos a muitos sofrimentos e lutos. Mais do que ninguém cumpristes com o vosso dever. As circunstâncias e perto de trinta anos, separaram-nos depois. A idade e distância não permitirão que nos tornemos a ver. Como recordação de nossa amizade dedico-vos as páginas que se seguem. Oxalá não sejam elas as últimas, Vosso afeiçoado, adeus! T. Zallony. Anix, 1° de Outubro de 1884”.
Segundo ele, a experiência permite estabelecer o seguinte axioma: “todo o colérico que se num caso embora levíssimo, está de antemão condenado se não for visitado ao menos duas ou três vezes por dia, salvo se tiver à sua cabeceira um assistente não só inteligente, mas ainda suficientemente instruído na marcha da enfermidade e suas fases, e que possa substituir o médico em sua ausência”.
         Uma leitura deste livro permite uma viagem até os dias do cólera e a constatação da importância de alguns procedimentos de tratamento pioneiramente aplicados em Rio Grande. Zallony demonstra no escrito ter uma visão crítica da sociedade oitocentista e suas perspectivas de sobrevivência frente a uma gama tão grande de problemas urbanos e doenças. Sua atuação como enfermeiro em Rio Grande e posteriormente como médico na França, não foi a única de sua trajetória. Ele atuou como militar, professor, retratista, fotógrafo etc, atividades multifacetadas mas que ampliavam a sua visão de mundo. De toda esta caminhada, poucos fragmentos restaram. Um espaço de memória está em espaço público, pois ainda na década de 1850, o seu nome foi dado para uma rua central da cidade do Rio Grande: a antiga rua do Corpo da Guarda. 



3 comentários:

  1. É uma história muito interessante pois por muito tempo eu queria saber sobre o meu sobrenome sei que este homem faz parte da minha ecisterciense. Sou estudante de Arquivologia na Universidade Federal do Rio Grande. Adorei saber da participação dele na fotografia em vidro uma das cadeiras do meu curso vou tentar acompanhar esta trajetória.

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  2. É uma história muito interessante pois por muito tempo eu queria saber sobre o meu sobrenome sei que este homem faz parte da minha existecia. Sou estudante de Arquivologia na Universidade Federal do Rio Grande. Adorei saber da participação dele na fotografia em vidro uma das cadeiras do meu curso vou tentar acompanhar esta trajetória.

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  3. É uma história muito interessante pois por muito tempo eu queria saber sobre o meu sobrenome sei que este homem faz parte da minha existecia. Sou estudante de Arquivologia na Universidade Federal do Rio Grande. Adorei saber da participação dele na fotografia em vidro uma das cadeiras do meu curso vou tentar acompanhar esta trajetória.

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