Porto do Rio Grande em 1908

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sábado, 15 de julho de 2017

O PREÇO DA ÁGUA

Um dos principais enfoques dos jornais no século 19 eram as denúncias sobre o mau uso do dinheiro público e o aumento dos preços nos serviços privados ou públicos prestados à população. O elevado aumento do valor da água recebida nas penas (torneiras em residências) foi o motivo para a elaboração das caricaturas ácidas do jornal O Marui de 1882, associando os empresários e a Câmara Municipal a ‘ratos’ e outras representações pejorativas enquanto a população é relacionada a ‘patos’ e ‘sapos’. O alvo das críticas era a Companhia Hidráulica Rio-grandense criada na década de 1870 e que até hoje deixou evidências materiais de sua existência em obras de arte em ferro: os chafarizes franceses em três praças e o reservatório escocês na Vila Hidráulica.
O ‘Povo’, para o jornal, é sempre a vítima a ser defendida pelos escritores públicos e caricaturistas frente aos interesses gananciosos e sem escrúpulos. A indignação diz respeito ao fornecimento de água potável para a população, um problema histórico que mesmo com a municipalização da Hidráulica no início do século XX, ainda se estendeu por muito tempo como um campo de conflito. 
Conforme o Marui, “tem causado geral e justa indignação o inesperado aumento de VINTE POR CENTO no pagamento dos possuidores de pena d’água! Esta desagradável realidade, que, soubemos a última hora, foi o resultado da reunião da Hidráulica Rio-grandense que teve lugar na quarta-feira da semana passada.  (...) Pobre povo... sempre o escolhido para ser o mártir! Onde está a moralidade desta deliberação vexatória e revoltante?

Senhores da Hidráulica, lembrai-vos da pobreza desprotegida, lembraivos que ela também tem sede e não pode prescindir de água, e que este vosso procedimento além de ser vexatório e revoltante, é indigno de quem deve sentir no peito pulsar-lhe um coração humanitário (...) extorquir publicamente a esta paupérrima humanidade, impossibilitando-a de beber água, todas as vezes que tem sede, é ser egoísta desumanitário e somente digno da maldição de todos”.  

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