Os efeitos da I Guerra Mundial na movimentação do Porto
do Rio Grande é um dos assuntos abordados pelo prof. Hugo Neves em sua
Dissertação de Mestrado, defendida em 1980, na Universidade Federal do Paraná:
A Importância do Porto do Rio Grande na Economia do Rio Grande do Sul (1890-1930).
É durante esta Guerra (1914-1918) que ocorre
a inauguração, em março de 1915, do
Porto Novo do Rio Grande. Porém, a concorrência com o Porto de Montevidéu na
exportação de cargas é um problema que persistirá mesmo com a construção do
Porto Novo, assumindo o contorno de guerra tarifária.
O prof. Neves apresenta algumas conclusões
sobre o impacto da Guerra na movimentação portuária. Conforme ele, com a
Primeira Guerra Mundial, desaparece, de 1915 a 1918, o mais importante
fornecedor e também um dos grandes compradores do couro sul-rio-grandense: a
Alemanha; mas em 1919, recomeçou o comércio com este país europeu. O
aparecimento da Suécia, em 1915, e da Espanha, em 1916, nas relações comerciais
do Porto (países neutros no conflito), não compensaram, a perda do mercado
alemão.
O
Município possuía um excelente parque industrial para a época e até o término
da Primeira Guerra Mundial, ainda foi instalada a Cia. Swift, indústria
frigorífica norte-americana. O capital estrangeiro investido em instalações
portuárias, durante 1908-1918, teve predominância de capitais franceses, até a
encampação da Companhia Francesa pelo Governo do Rio Grande do Sul.
A Primeira Guerra Mundial afastou um elevado
número de embarcações estrangeiras oriundas dos países beligerantes,
principalmente da Alemanha e Inglaterra, grandes compradores de couro e
derivados da pecuária. O ano de 1916 aparece como o ponto mais baixo da
movimentação portuária, quando os trabalhos na Barra e Porto já estavam bem
adiantados. Este ano de 1916, marca o
ponto mais crítico do Porto do Rio Grande durante a Primeira República, tendo
atingido índice inferior aos vinte anos anteriores em movimentação.
Ao contrário
de muitos que afirmam ter sido vantajosa para o Brasil a neutralidade até 1917,
para o Rio Grande do Sul durante a Primeira Guerra Mundial, não houveram
vantagens, decaindo vertiginosamente o movimento de navios, tanto de entrada
como de saída pela Barra do Rio Grande.
A Grande
Guerra, entre 1914-1918, prejudicou acentuadamente a movimentação marítima no
Porto do Rio Grande, evidenciando que mesmo distante do cenário direto do
conflito que ceifou mais de 10 milhões de vidas, a Guerra aqui foi sentida
através da crise econômica vivenciada no porto.
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