“Firmemente decidida, tomou uma tocha que queimava ao pé da escada e
rumou correndo para a passagem secreta. A parte subterrânea do castelo era
escavada numa série de vários claustros interligados e não era fácil para
alguém em tal estado de ansiedade encontrar a porta que abria para a caverna.
Um silêncio assustador reinava nessas regiões subterrâneas, exceto quando, vez
por outra, algumas rajadas de vento sacudiam as portas pelas quais ela havia
passado e os gongos de ferro ecoavam através daquele longo labirinto de
trevas”. O Castelo de Otranto.
O primeiro romance gótico ou romance de
terror que se tornaria o Gothic Novel foi publicado há 250 anos: ‘O Castelo de
Otranto’ autoria de Horace Walpole. O ano era 1764 e o autor um diplomata
oriundo de uma aristocrática família inglesa. O sub-título da obra é ‘Uma
História Gótica’, definindo bem os referenciais de um novo estilo literário: uma
fuga do presente em direção aos cenários medievais; ambientação em castelos
obscuros e assombrados; abadias sinistras e decadentes; cemitérios encobertos
pela neblina; paisagens lúgubres e desoladoras; florestas assombradas; o mundo
como espaço caótico e contingente e não racional e fundado nas luzes
iluministas; as trevas obscurecendo a razão; segredos e maldições; personagem
feminina, como em Walpole, fugindo de um sanguinário príncipe; ênfase no
sobrenatural etc.
A literatura gótica usa o recurso de criar
uma atmosfera narrativa que tenta internalizar o leitor na história o
conduzindo ao enredo fundado no medo e num horror prazeroso. Grande parte das
histórias de terror e horror atuais, tiveram sua origem nesta estratégia
narrativa.
Surgido no século das luzes e da razão, o
gótico rompe com o ideal estético neoclassicista de unidade e ordem na natureza.
As forças sobrenaturais e o obscuro da existência humana, contrapõe a lógica
iluminista da racionalidade sem limite.
O período de apogeu do gênero gótico foi entre 1770 e 1820, quando foram publicadas cerca de 4.000 novelas ou romances. Menos de 2.000 sobreviveram nas prateleiras de antigas bibliotecas e poucos autores tiveram destaque significativo: William Beckford, que escreveu ‘Vathek’ (1786); Clara Reeves ‘The Old English Baron’ (1778); Ann Radcliffe, ‘The Mysteries of Udolpho’ (1794); Matthew Gregory Lewis, ‘O Monge’ (1796); E. T. Hoffmann ‘As Drogas do Diabo’ (1816); Mary Shelley ‘Frankenstein’ (1818) e tantos outros autores e obras, como é o caso de Lorde Byron. Inúmeras obras posteriores a 1820 foram escritas com influência gótica como Edgar Allan Poe, Le Fanu e Bram Stooker, havendo muita intimidade do gênero gótico com a novela de terror e os contos de fantasmas. No Brasil, Alvares de Azevedo escreveu o clássico ‘Noite na Taverna’ (1855), nos quadros de um ultra-romantismo.
O período de apogeu do gênero gótico foi entre 1770 e 1820, quando foram publicadas cerca de 4.000 novelas ou romances. Menos de 2.000 sobreviveram nas prateleiras de antigas bibliotecas e poucos autores tiveram destaque significativo: William Beckford, que escreveu ‘Vathek’ (1786); Clara Reeves ‘The Old English Baron’ (1778); Ann Radcliffe, ‘The Mysteries of Udolpho’ (1794); Matthew Gregory Lewis, ‘O Monge’ (1796); E. T. Hoffmann ‘As Drogas do Diabo’ (1816); Mary Shelley ‘Frankenstein’ (1818) e tantos outros autores e obras, como é o caso de Lorde Byron. Inúmeras obras posteriores a 1820 foram escritas com influência gótica como Edgar Allan Poe, Le Fanu e Bram Stooker, havendo muita intimidade do gênero gótico com a novela de terror e os contos de fantasmas. No Brasil, Alvares de Azevedo escreveu o clássico ‘Noite na Taverna’ (1855), nos quadros de um ultra-romantismo.
Interessante é que em Rio Grande foi
publicado o livro ‘O Castelo de Otranto’ no ano de 1856 pela Tipografia do
Rio-Grandense de B. Berlink. Fica como hipótese que pode ser a primeira edição
brasileira do romance gótico fundador do gênero. Outro aspecto é que o
lançamento coincide com o ano em que uma epidemia havia provocado grande
devastação e pelo menos quinhentos mortos em Rio Grande. O estado de espírito
estava muito propício a uma leitura gótica!
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