Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 17 de julho de 2017

MEMÓRIAS DESVANECIDAS EM BRONZE

Um soldado sem arma! Será apenas o espírito bem intencionado de um pacifista que deixou nu o soldado do Tiro de Guerra?
Um leitor sem o seu livro! Será que o brilhante autor apenas, filosoficamente, quis expressar que o personagem parou de ler o mundo para pensar abstratamente nele...
Um patriarca sem seu busto!  Com certeza foi a ação de um maragato tardio que resolveu vingar-se de Julio de Castilhos e do Partido Republicano Rio-grandense devido a disputas políticas mal resolvidas na República Velha?
Até o cemitério foi profanado e a obra do escultor Matteo Tonietti foi danificada por um amante da arte!
Ou será que não há componente político ou artístico algum nestes atos. Terá sido apenas obra da boçalidade justificada por muitos devido a fragilidade social de seus autores?
Tempos perigosos em uma cidade perigosa! Não são apenas assaltos e assassinatos que rondam as ruas. Até as peças silenciosas e seculares estão sobressaltadas e com medo. Que pedaço será arrancado da próxima vez? As peças artísticas chegam a comentar: ‘sorte que não sou um busto pois me levariam como um todo e não apenas meus pedaços’.
A arte em ferro está em risco! Gerações passaram a conviver com elas nas praças e observarem os filhos crescerem e elas persistirem com suas faces originais - apenas desgastadas pela passagem do tempo. Mas agora os tempos são outros e não há espaço para preservar memórias em bronze nas perigosas ruas de uma cidade assombrada.

  

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