Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

terça-feira, 18 de julho de 2017

JOSÉ CUSTÓDIO DE SÁ E FARIA

Um personagem que se destacou na cartografia do Rio Grande do Sul no século 18 foi José Custódio de Sá e Faria. Ele elaborou algumas das mais detalhadas plantas que registram a geografia e as localidades luso-brasileiras num período de formação no extremo-sul do Brasil. O contexto geopolítico foi o confronto entre Portugal e Espanha pelo controle da Colônia do Sacramento e da Vila do Rio Grande de São Pedro.
Seu nascimento foi em Portugal e sua morte ocorreu na Argentina, numa trajetória brilhante e tortuosa. Formou-se em engenharia e arquitetura na Academia Militar das Fortificações de Portugal em 1745. Quando do Tratado de Madri de 1750, ele chega ao Brasil no ano seguinte para participar da Comissão Demarcadora dos limites entre Portugal e Espanha. Acabou por participar dos períodos mais dramáticos da história do atual Rio Grande do Sul: a Guerra Guaranítica e a ocupação militar dos 7 Povos das Missões; a ocupação da Vila do Rio Grande por tropas espanholas.
O cartógrafo elaborou plantas fundamentais para entender o espaço em que transcorreram estes eventos, recebendo em 1756, de Gomes Freire de Andrade, a patente de Tenente-Coronel. Foi um projetista renomado de fortificações no Rio Grande do Sul, Ilha de Santa Catarina e Mato Grosso, fazendo também projetos de igrejas no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Buenos Aires, Maldonado e Montevidéu.
Com a invasão espanhola da Vila do Rio Grande, Sá e Faria  foi nomeado Governador do Governo do Rio Grande (em fevereiro de 1764) com o objetivo de administrar e garantir a permanência lusitana no Rio Grande do Sul. Em São José do Norte, projeta o forte de São Caetano da Barranca, reconquista o norte da Barra do Rio Grande. Em 1767, tenta retomar militarmente Rio Grande sem obter sucesso. Em 1769, regressa ao Rio de Janeiro onde projeta a Fortaleza da Ilha das Cobras. Promovido a Brigadeiro ele é enviado a Ilha de Santa Catarina para ampliar a defesa das fortificações. A poderosa esquadra espanhola invadiu a Ilha e Sá e Faria negocia a rendição das tropas. O retorno a Portugal poderia lhe valer a pena de morte no julgamento do Marques de Pombal. O General Cevallos leva o cartógrafo junto em seu retorno para o Prata. Sá e Faria residiu em Montevidéu e em Buenos Aires. Cevallos deixou relatado que que ninguém tinha maior conhecimento dos confins dos domínios de Portugal e Espanha do que Sá e Faria. Em Buenos Aires, tornou-se o mais famoso urbanista e arquiteto, realizando projetos como a cúpula da Catedral. Em outras cidades, foi o projetista da Catedral de Montevidéu e da Igreja de Maldonado.
Um dos homens que mais conheceu o Prata e o sul do Brasil no século 18, faleceu em 1792 na localidade de Luján na Argentina.  É um personagem que deveria ter uma carga de conhecimentos extraordinários sobre a sociedade platina quando as fronteiras entre o Brasil e o mundo espanhol ainda estavam sendo delimitadas. Um conversa com ele, antes de seu falecimento, poderiam valer por mil livros.



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