O Diário
do Rio Grande foi fundado a 16 de outubro de 1848, por Antônio José Caetano
da Silva, jornalista e político saquarema (conservador) que ocupou cargos
político administrativos na cidade do Rio Grande. Sua ampla experiência no
jornalismo passou pela publicação de uma série de pequenos jornais, pasquins,
destinados às discussões pessoais e/ou políticas do redator, e outros
noticiosos, todos de curta existência. Com o Diário do Rio Grande, de circulação diária e excelente qualidade
tipográfica, Caetano da Silva teria o ápice de sua carreira jornalística.
O programa do periódico publicado na primeira
edição, destaca a importância econômica de Rio Grande e a necessidade de um
jornal para representá-la:
Uma das primeiras Províncias do Império, em
ilustração, indústria, comércio e riqueza, o Rio Grande sofria, entretanto, a
falta de uma folha que fosse na imprensa a representante, senão dessa mesma
ilustração e riqueza, ao menos dos altos interesses da sua indústria e
comércio. Essa falta, porém compreende preencher o Diário, cujas colunas se consagram à defesa da causa, tão
injustamente desvalida, dos mais poderosos elementos da nossa prosperidade e
grandeza - o comércio e a indústria. Assim, pois, seremos francos em apontar e
combater os entraves que se opuserem ao desenvolvimento de uma e de outro, e
sem consideração alguma a quaisquer conveniências particulares,
mostrar-nos-emos inflexíveis no desempenho do nosso mandato (DIÁRIO DO RIO
GRANDE, 16-10-1848).
Esta postura de radicalização anti-liberal
sofreu uma guinada ao centro quando a 1° de outubro de 1854, o Diário passou
à propriedade de Antônio Estevam de Bitancourt e Silva (militar, proprietário
fundiário e militante do Partido Conservador) e, na mesma data, eram renovados
os objetivos editoriais do jornal que se dizia destinado a satisfazer as
“multiplicadas exigências do bom gosto e mesmo do luxo” das “civilizadas e
opulentas” cidades da zona sul da Província, visando o progresso e os
melhoramentos da mesma e do país como um todo. No campo político afirmava que o
Diário do Rio Grande seguiria uma
trilha apartidária, abandonando o dístico “folha comercial e política” e
passando para o dístico de folha comercial e noticiosa. “Essencialmente
comercial e noticioso, o Diário não distingue parcialidades políticas:
todas as opiniões terão aceitação em suas colunas, contanto que a linguagem
esteja em relação com o programa que preside à redação da folha” (01/10/1854).
Porém, o discurso político-partidário
continuou a existir, mesmo que de forma pouco enfática e sempre buscando a
neutralidade, num cenário que muda a partir do final da década de 1850, quando
passa a apoiar a presidência conservadora na Província, passando a atacar os
liberais com seus “interesses individuais e esperanças malogradas, de
caprichos, ódios e vinganças” (14/3/1858). Nas décadas seguintes, Bitancourt
ataca pesadamente os liberais que são associados a revolucionários e
subversivos que se inspiravam no grande terror da Revolução Francesa. Em 1877,
passa a defender o apartidarismo e no ano seguinte se filia ao Partido Liberal,
agremiação que de forma tão virulenta combatera.
O jornal Diário
do Rio Grande foi um dos mais longevos que existiram na cidade, perdurando
entre 1848 a 1910. É uma das fontes mais importantes para conhecer o passado do
Rio Grande pelo viés jornalístico.
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