Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 16 de maio de 2017

O RELÓGIO DO APOCALIPSE

O “Relógio do Apocalipse” ou também denominado de “Relógio do Juízo Final” (Doomsday Clock) foi criado em 1947 e mantido pelo comitê de diretores do Bulletin of the Atomic cientists da Universidade de Chicago. A aproximação dos ponteiros da meia-noite são um alerta para a destruição da espécie humana com a eclosão de uma guerra nuclear. O relógio é uma metáfora ao fim dos tempos. A idealização partiu de cientistas que ajudaram a desenvolver as primeiras armas atômicas ligadas ao projeto Manhattan, inclusive Albert Einstein. Atualmente, o Boletim de Cientistas Atômicos é composto por físicos e cientistas ambientais de vários países além do Conselho de Patrocinadores, do qual fazem parte 15 detentores de prêmios Nobel.
O relógio é atualizado periodicamente e teve início durante a Guerra Fria em 1947, com o ponteiro fixado em 7 minutos para a meia-noite. Os acontecimentos mundiais que poderiam desencadear um conflito nuclear aproximaram o relógio do apocalipse no planeta e momentos de menor tensão distanciaram os ponteiros.
Em 1953, no contexto de testes com dispositos termonucleares desenvolvidos pelos Estados Unidos e pela União Soviética o relógio, foi ajustado a 2 minutos para a meia-noite, menor marca já registrada! A segunda menor marca está sendo registrada agora: no dia 26 de janeiro de 2017 o relógio foi ajustado para 2,5 minutos do apocalipse! Podemos pensar que isto é um exagero e em parte pode ser assim analisado pois “é melhor prevenir do que remediar” e “até exagerar do que minimizar”. Mas qual é o cenário conjuntural que levou a isto?
Certamento o foco está na maior nação do planeta, onde o nacionalismo está em alta e as afirmações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lembram a volta de uma política republicana do “big stick” (grande porrete). Os comentários de Trump a respeito de armas nucleares e uma possível renovação da corrida armamentista entre os EUA e a Rússia, além do enigma da relação com a Coréia do Norte e com a China, são fatores de tensão mundial. No ar está pairando uma descrença nas perspectivas em barrar o aquecimento global com medidas políticas de restrição nas emissões industriais de CO2. O temor de cientistas como o físico Stephen Hawking, é de que o aquecimento global terá um poder mais destruidor do que um conflito nuclear, levando a guerras locais e internacionais pelo controle dos recursos que irão escassear num planeta que insanamente avança para 10 bilhões de habitantes até 2050. Uma visita a série Jerichó (canal CBS/2008) é uma interessante aproximação dos conflitos que podem surgir quando a disponibilidade de alimentação/água e energia se torna insuficiente para manter as necessidades das comunidades e nova cartografia do poder é elaborada.
Certamente, é um novo contexto histórico que está surgindo num cenário persistente de guerra ao terror e de expansão de ações fundamentalistas na Europa, a qual começa a sentir a fragmentação da Zona do Euro com a saída da Inglaterra e com movimento neste sentido de setores franceses. Num período de interligações econômicas que globalizaram relações planetárias, o mundo continuará a assistir ao jogo de forças entre a expansão industrial chinesa (promovedora do gradual sucateamento do proletariado internacional) e a xenofobia oficial que poderá convulsionar os EUA que é um país fortemente marcado pela soma de migrantes de todo o planeta. Certamente, o jogo de forças entre EUA, Rússia e China, levará a concessões estratégicas que impeçam que os ponteiros cheguem à meia-noite num conflito militar de grandes dimensões. O cenário mais preocupante é que barrar a corrida industrial e de ampliação do consumo não interessa a estas grandes potências! Continuaremos a assistir com um grande ponto de interrogação até quando persistirá o equilíbrio climático e quanto o sistema já está comprometido; se as mudanças se arrastarão por décadas ou se o caos poderá se instalar num período curto. No melhor cenário, o clima da Terra sofrerá modificações mínimas. No pior cenário, Jerichó se tornará realidade!


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