Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 24 de junho de 2025

VIDA NA LUA EM 1835

The Sun and the Moon: The Remarkable True Account of Hoaxers, Showmen, Dueling Journalists, and Lunar Man-Bats. Nápoles, 1836. New York Public Library.

 

As dimensões visuais, a claridade e a beleza da Lua instigaram os seres humanos à observá-la desde os primórdios dos hominídeos. A Lua é um referencial astronômico que se destaca pela proximidade da Terra e pela sua grande dimensão na relação planeta e satélite.

A curiosidade sobre se existiu ou existe vida na Lua estava em alta no século XIX. 

Em 25 de agosto de 1835 um jornal norte-americano o The Sun (de Nova Iorque), publicou a primeira de seis matérias que supostamente estavam reproduzindo um texto científico: "Grande Descoberta Astronômica por Sir John Herschell".

Herschell (1792-1871) era um famoso astrônomo e cientista inglês cujos escritos eram muito respeitados. A publicação do The Sun seria a divulgação inquestionável das descobertas recentes sobre a Lua: havia vida e civilização no satélite!

A construção de um imenso telescópio com lente especial permitiu observar animais (bisões, cabras, unicórmios, e castores bípedes) e humanoides, dotados de asas que lembrava a de morcegos. Também observou árvores, praias, oceanos e templos. 

A imagem a seguir, publicada no The Sun (28 de agosto), mostra o que Herschell havia observado:

As observações não tiveram continuidade pois, o Sol acabou provocando o incêndio do telescópio e a destruição total do observatório astronômico. 

Porém, a extraordinária descoberta tinha alguns problemas: Herschell foi questionado e mesmo inicialmente tendo achado engraçado o impacto da publicação, desmentiu ser o cientista que fez a descoberta. 

Um segundo personagem insatisfeito foi Edgar Allan Poe, que afirmou que a narrativa era um plágio do conto "A Aventura Incomparável de Hans Pfaall", que ele lançou em junho de 1835. No conto o personagem fazia uma viagem de balão de ar quente e ficou por cinco anos vivendo na Lua e convivendo com seres lunarianos. Este escrito é considerado um dos pioneiros no gênero de ficção científica moderna, influenciando diretamente a obra Da Terra a Lua (1865) de Júlio Verne. 

O autor da farsa foi o editor do Sun Richard Adams Locke que percebeu o potencial da história criada por Poe, ser convertida de ficção para realidade. 

Este é apenas um exemplo, ocorrido há 190 anos, do potencial do jornalismo para construir narrativas que podem influenciar os leitores e estabelecer verdades que não passam de fake news

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