Rio Grande é o primeiro município do Rio Grande do Sul instalado em 1751, com a denominação de Vila do Rio Grande de São Pedro.
Na nova criação de vilamento, criou-se quatro municípios: Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Rio Pardo e Rio Grande (instalado em 16-02-1811).
A Vila do Rio Grande englobava Pelotas, São José do Norte, Tavares, Mostardas, Jaguarão, Piratini, Cerrito, Herval, Boqueirão, Arroio Grande, Bagé, Canguçu, todo o território até o Arroio Chuí (englobando o atual município de Santa Vitória do Palmar) etc. Ao longo dos anos iniciaram as emancipações da Vila do Rio Grande e da Cidade do Rio Grande (a partir de 1835). Processo natural que promoveu as fragmentações administrativas e consolidações de novas municipalidades.
Porém, a emancipação mais estranha foi a envolvendo a instalação da Vila de Santa Vitória do Palmar em 7 de setembro de 1874. Ou seja, hoje está completando 150 anos.
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| Planta de 1809 mostrando as divisões administrativas dos quatro municípios. Acervo: IHGRS. |
Vejamos um exemplo: são 223 quilômetros entre o Molhe Oeste no Balneário Cassino o Molhe da Barra do Chuí em Santa Vitória do Palmar (fronteira do Brasil com o Uruguai). Toda área fazia parte do município do Rio Grande até 1874. Porém, cerca de 70% da área foi cedida a um município que esta se emancipando e que em 1891 tinha apenas 3.000 habitantes na área urbana. Rio Grande tinha cerca de 20.000 na área urbana e uma economia dinâmica ligado ao comércio internacional pelo Porto do Rio Grande.
Basicamente, o recorte dos limites foi feito com referência na localidade do Taim, sendo que 70% da área da atual Reserva Ecológica do Taim fica em Santa Vitória. A delimitação dos municípios é marcada pelo Farol Sarita (construído em 1909). Apenas uns 70 quilômetros do litoral ficam em Rio Grande e 152 quilômetros em Santa Vitória. Além do litoral devemos levar em consideração que entre as maiores lagoas de água doce do mundo, um pequeno trecho da Lagoa Mirim fica em Rio Grande e Lagoa Mangueira está toda em Santa Vitória.
Para mim é um tema lendário trazer esta questão à tona. Parece tão absurdo que a vontade que tenho é de criar hipóteses de investigação e não concluir sobre os fatos (e tenho várias hipóteses...). São as histórias extraordinárias que se prendem mais a ficção do que a veracidade dos acontecimentos dotados de historicidade. O dia que buscar me afogar no desencanto, irei investigar e descobrir o que ocorreu entre os edis da Câmara Municipal do Rio Grande e de outras pressões provinciais/imperiais, que levaram a esta construção geográfica que foge a qualquer racionalidade. Quem está cedendo busca que seja o mínimo e não um máximo imensurável e surreal.
No presente, Rio Grande tem uma população de 191.900 (se o Censo está correto, pois a estimativa era de 212.000) com uma densidade de 71,53 habitantes por quilômetro quadrado e Santa Vitória com 31.900 habitantes e 5,95 habitantes por quilômetro quadrado (padrão da região Norte que possui média de 4,7). A média brasileira é de 23,8 habitantes por quilômetro quadrado (incluindo a gigantesca Amazônia...). A cidade brasileira com maior densidade é Taboão da Serra (São Paulo) com 14.246.
Rio Grande é o 18º município em área quadrada do RS com 2.682 km² e Santa Vitória o 4º município com 5.244 km².
Observemos no googlemaps a dimensão destes municípios.
Litoral entre o Molhe Oeste no Cassino até a Barra do Chuí.
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| https://www.google.com.br/maps/@-32.9469861,-52.7772215,189141m/data=!3m1!1e3?entry=ttu&g_ep=EgoyMDI0MDkwNC4wIKXMDSoASAFQAw%3D%3D |
Recorte com a área do Molhe Oeste até o Farol Sarita.
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