Porto do Rio Grande em 1908

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sexta-feira, 3 de maio de 2024

ESTAEL SIAS E A HORA MAIS DRAMÁTICA



Reproduzo o texto da meteorologista e diretora da Metsul Estael Sias, escrito "na hora mais dramática", fazendo uma análise do momento vivido em nosso Estado: 

"O Rio Grande do Sul vive uma das horas mais dramáticas de sua história com um dos piores episódios de chuva extrema já experimentados pelos gaúchos. Durante toda a sua história de séculos, os gaúchos sofreram muitas vezes com excesso de chuva e enchentes. A chuva em excesso aparece nos manuscritos de Saint-Hilaire de Porto Alegre há duzentos anos, porém o que se experimenta hoje só encontramos paralelo naqueles distantes meses de abril e maio de 1941, quando da grande enchente daquele ano.

Não se trata de apenas um episódio de chuva extrema que vem castigando o Rio Grande do Sul há dias. O que castiga com feroz intensidade o estado é um evento meteorológico cujos adjetivos são todos superlativos, de extraordinário a excepcional. O que choveu desde o final da semana passada no Rio Grande do Sul foge absurda e bizarramente ao que é normal, o que explica a gravidade extrema e dramática deste momento particular da história do Rio Grande do Sul.

Em tão somente cinco dias até o fim da tarde de hoje, na rede oficial do Instituto Nacional de Meteorologia, os volumes acumulados eram de 537 mm em Bento Gonçalves, 501 mm em Santa Maria, 487 mm em Soledade, 487 mm em Soledade, 340 mm em Serafina Corrêa, 335 mm em Campo Bom, 331 mm em Caçapava do Sul, 329 mm em Rio Pardo e 310 mm em Canela. Muitas outras estações do órgão, em quase todo o estado, tiveram no período 150 mm a 300 mm. Por sua vez, na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres, os acumulados nos últimos cinco dias até o fim da tarde atingiam 657 mm em Fontoura Xavier, 576 mm em Faxinal do Soturno, 561 mm em Caxias do Sul, 521 mm em Santa Maria, 438 mm em Teutônia, 426 mm em São Francisco de Paula, 409 mm em Cruzeiro do Sul, 408 mm em Lajeado, 356 mm em Canoas e 350 mm em Gravataí. Em Porto Alegre, a chuva desde sábado passado, quando começou a chover forte até hoje às 18h, assim em apenas seis dias, somava 343 na estação de referência do Jardim Botânico e 334 mm na estação do Aeroclube de Belém Novo, no extremo Sul da cidade.

Os números são simplesmente espantosos se comparados à climatologia histórica. Várias cidades do Centro, do Centro-Serra, do Vale do Taquari, da região de Soledade e da Serra anotaram somente nos últimos sete dias 500 mm a 700 mm. Estes números correspondem a um terço da média histórica de chuva de um ano inteiro. Em Porto Alegre, os mais de 340 mm em míseros sete dias excedem a média histórica de todos os meses do outono meteorológico (março a maio) somados, ou seja, 330,5 mm".

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