Porto Alegre na enchente de 1941 em matéria da Revista do Globo de 17-05-1941. Página do livro de L.H. Torres, Águas de Maio: a enchente de 1941 em Rio Grande. |
Estou usando o termo paradigma de forma flexível no sentido de "um referencial de comportamento das águas" com o pensamento para o Estuário da Lagoa dos Patos.
A dimensão da enchente no Guaíba em Porto Alegre e arredores é um referencial histórico para pensar o volume de água lançado na Lagoa dos Patos e seu impacto em cidades como Tapes, Barra do Ribeiro, São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte etc.
Este olhar apreensivo pode ser acompanhado nos jornais da cidade do Rio Grande no mês de maio de 1941 quando da grande enchente em Porto Alegre. As matérias destacavam que a tragédia que estava ocorrendo na capital do Rio Grande do Sul acabaria chegando a cidade portuária do Rio Grande. E não erraram na previsão feita há 83 anos.
No dia 2 de maio de 2024, às 14h o Guaíba chegou a cota de transbordamento no Cais da Mauá com 3 metros. Às 20h15 chegou a 3,50 metros. É a maior marca já registrada desde a enchente de 1941. A previsão é superar os 4 metros e com hipóteses de se aproximar de 5 metros. Se funcionar bem o sistema de contenção de cheias formados pelo Muro da Mauá e Diques, a invasão das águas será parcial. Mas o refluxo pela rede pluvial provocará muitos alagamentos e áreas sem proteção dos diques sofrerão inundação como Ipanema, zona sul, as ilhas do delta do Jacuí, área portuária etc. A grande Porto Alegre também é muito impactada com a elevação do Guaíba que provoca o represamento de rios. É um cenário perturbador.
Portanto, minha atenção vai para Porto Alegre ao longo desta sexta-feira. A enchente no Guaíba servirá de paradigma para o que nos espera, nos dias seguintes, ao Sul da Lagoa dos Patos.
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