"Tiaraju" é um livro escrito por Manoelito de Ornellas com ilustrações de Edgar Koetz.
A primeira edição é de 1949 e o tema foi polêmico e rechaçado por parte da historiografia do Rio Grande do Sul que defendia o exclusivismo da formação histórica luso-brasileira. Neste período, Sepé Tiarajú era tido como um cacique da Missão de São Miguel que organizou guerrilhas para impedir o avanço das tropas luso-espanholas de demarcação do Tratado de Madrid.
Sepé seria um aguerrido símbolo contrário a expansão lusitana nas terras missioneiras e portanto, um inimigo. Porém, Ornellas o lapida como um herói que defendeu o seu pago e o seus valores. Esta interpretação foi rechaçada, pois Sepé como um herói da história Rio-Grandense seria uma heresia para grande parte da historiografia regional.
Manoelito de Ornellas argumentou que buscou enfatizar a importância do telurismo na formação histórica, ou seja, o amor a terra em que se nasce e que se constrói sua história, sendo preciso defendê-la até a morte contra os invasores. O problema é que os invasores eram a frente de expansão portuguesa que buscava ocupar os Sete Povos das Missões e encerrar esta experiência civilizatória subordinada a Coroa Espanhola. A ideia inicial era alocar colonos açorianos na região missioneira, espacialidade que hoje constitui o noroeste do Rio Grande do Sul.
A polêmica se estendeu por longos anos e a batuta do historiador e maior defensor da matriz lusitana -Moysés Vellinho-, continuou dominando o cenário das interpretações locais favoráveis ao exclusivismo luso-brasileiro na formação Rio-Grandense. Somente com o revisionismo historiográfico, na segunda metade da década de 1970, ocorreram mudanças significativas nesta explicação unicausal da formação Rio-grandense.
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