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Esta é uma Carta de Saúde emitida pela Inspeção de Saúde Pública no Porto do Rio Grande do Sul (Rio Grande) no dia 21 de dezembro de 1848.
A Carta foi assinada pelo Dr. José de Pontes França liberando o navio francês brigue Beranger para rumar ao seu destino em Montevidéo. A Carta era uma exigência de alguns portos que temiam a chegada de uma epidemia entre os tripulantes ou passageiros das embarcações. Conforme o documento "pela Misericordia Divina esta cidade (Rio Grande) se acha livre de peste, ou outra qualquer molestia contagiosa" podendo o navio "ser admitido e ter livre prática aonde se apresentar".
O contexto que começa as apreensões com a difusão de uma "peste" está relacionada com o surgimento de casos esporádicos de cólera morbus em cidades da Europa desde a expansão colonialista inglesa disseminando o vibrião em 1817. O cólera se difundiu ainda mais e chegou na América do Norte em 1832 causando pânico nas rotas marítimas. A doença vinha das rotas orientais, especialmente, da ampla região do Delta do Rio Ganges e de Bengala na Índia, se difundindo pelos portos conectados para o comércio. De fato, o cólera se tornou um dos maiores problemas de saúde pública brasileira do século XIX, quando a epidemia chegou ao Brasil e foi sendo difundida pelos portos marítimos até cobrir grande parte do território imperial. Isto ocorreu entre 1855-1856. Em Rio Grande, o cólera ceifou a vida de mais de 500 pessoa. Em Porto Alegre, 10% da população faleceu de um total de 17.000 habitantes.
A globalização através da expansão colonialista e do dinamização do comércio internacional, intensificado com a Revolução Industrial e a busca de matéria-prima e mercados consumidores, propiciou a maior circulação de microrganismos patogênicos que passaram a se adaptar a novos espaços ecológicos e a infectar um número crescente de pessoas.
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