Porto do Rio Grande em 1908

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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

MISS SAHARET

Echo do Sul, 05-04-1913. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

 O anúncio foi publicado no jornal Echo do Sul do dia 4 de abril de 1913. No Cinema Rio Branco seria apresentado o filme "Na Prisão Dourada" com a dançarina Miss Saharet. 
A curiosidade inicial era sobre o conteúdo do que era apresentado aos frequentadores do cinema naqueles primórdios do século XX. Inclusive os padrões estéticos de beleza e do estilo de dança. Neste caso, a dançarina destacou-se em quadrilhas francesas e danças picantes de cooch. 

https://www.digitalcommonwealth.org/search/commonwealth:vh53xm83z

E a convergência se deu em saber quem seria esta atriz? Fiz uma pesquisa na internet e as informações estavam difusas. Mas a pesquisa avançou e foi possível um desvelamento preliminar para saber quem é a mulher da fotografia. 

Trata-se de Paulina Clarissa Molony (1878-1964) conhecida como Saharet (referência ao deserto do Saara e a dança do ventre) uma australiana cujo pai era irlandês e a mãe parcialmente chinesa. Com apenas 13 anos já estava se apresentando com uma companhia teatral em São Francisco, Estados Unidos. Destacou-se como dançarina e realizou sete filmes (produções alemãs). Casou-se três vezes com maridos nascidos na Alemanha. O auge de sua fama foi entre 1905-1914, tendo realizado "Na Prisão Dourada" ou "Em uma Gaiola Dourada" em 1912. Aposentou-se da dança em 1920. 

O anúncio não exagerou ao se referir a "célebre dançarina" pois realmente ela havia chegado no auge da carreira. 
Saharet (à direita) no filme alemão que foi projetado em Rio Grande.
Acervo: Biblioteca Digital de História da Mídia. 

A escritora austríaca Hermynia Zur Mühlen viu Saharet se apresentar ainda criança. Em sua autobiografia, ela lembrou : “Tenho visto muitos dançarinos desde aquela época, incluindo todo o balé russo, mas nunca mais vi uma graça e um encanto tão completamente naturais, a expressão, simultaneamente, de um pequeno animal selvagem e de uma linda mulher refinada.”

Saharet por Jean Reutlinger. Acervo: Biblioteca Digital Gallica. 

Os antigos jornais permitem buscar a historicidade de personagens que se destacaram no passado e cujas memórias se perderam ao longo das décadas. Estas investigações possibilitam refletir sobre experiências culturais e valores cultuados em outras temporalidades. As trajetórias de vida também nos ensinam sobre a transitoriedade do sucesso e da insustentável materialidade da corporeidade humana. 

Acervo: Biblioteca Nacional da França. 


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