Besta de Gévaudan (1765). Gravura extraída de Gervais-François
Marolles. Biblioteca Nacional da França.
Na província de Gévaudan (atual departamento de Lozère no Alto Loire) uma besta causou pânico e terror entre 30 de junho de 1764 e 19 de junho de 1767. Os ataques, que se estenderam por 80 quilômetros, tiveram destaque no Reino da França.
As vítimas foram muitas, girando entre 113 mortos e 49 feridos, num total de mais de 210 ataques. Quase cem pessoas teriam sido parcialmente devoradas por mordidas incisivas. O governo francês investiu muitos recursos na caçada ao animal envolvendo desde caçadores especializados, nobres e soldados.
Os relatos descreveram um animal com pele avermelhada e com um odor insuportável. O ataque inicial se voltava a rasgar a garganta e depois devorar outros órgãos. As descrições não se enquadram num lobo: tamanho de um bezerro, peito largo, pescoço robusto, focinho de galgo, boca negra e dois dentes laterais longos e afiados, lista branca da cabeça a cauda. Movia-se aos saltos.
Esta região do sul da França tinha frequentes relatos de ataques de lobos aos rebanhos. O primeiro ataque com morte ocorreu em 30 de junho de 1764 com uma jovem de 14 anos. Os ataques, especialmente a jovens e mulheres, encontradas decapitadas e es estripadas, se sucederam vertiginosamente.
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A
besta de Gévaudan (1764-67). A mãe Jeanne Jouve tenta salvar seu filho em
14-03-1765. Gravura de François Saint-Martin,
Journal des Chasseurs, outubro de 1839. Biblioteca Nacional da França. |
O pedido de socorro dos camponeses chegou a corte do rei Luís XV que ofereceu seis mil libras para quem matasse a besta.
Um animal de grade porte foi abatido em 21 de setembro de 1765 e considerado a besta. Pesava 64 quilos e tinha 183 centímetros. Seria o lobo “Le Loup de Chazes”. O animal foi empalhado e enviado para Versalhes com premiação para o caçador Antoine de Beauterne. Porém, a 2 de dezembro os ataques são retomados com dezenas de novos casos frustrando as expectativas do fim do pavor.
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Besta
de Gévaudan exibido na corte de Luis XV em 20-09-1765. Gravura de M. François Antoine de Beauterne. Biblioteca Nacional
da França.
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Uma segunda besta é encontrada e foi morta pelo caçador Jean Chastell. O animal pesava 58 quilos e foi morto com uma bala de prata que fora benzida por um padre. Iniciava o uso das balas de prata para matar lobisomens.
No estômago do animal estavam restos humanos. Na compreensão feita se considerou que a besta era um Loup-Garou, um lobisomem extremamente brutal é que estava matando e comendo as pessoas.
Criptozoologistas lançam a hipótese que o animal poderia ser um mesoniquídeo um mamífero carnívoro ungulado que deveriam estar extintos desde o Oligoceno (36 a 23 milhões de anos).
Outras hipóteses é que teve a participação humana de psicopata nos assassinatos. É um assunto ainda debatido na França.
Vasta iconografia foi produzida frente ao sensacionalismo que o tema ganhou em sua época e em releituras posteriores.
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