Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 17 de abril de 2023

SONHO OU REALIDADE

 

Zyria Wali em 1977 com quase quarenta anos.  

No dia seguinte ao falecimento de minha mãe ocorrido no último dia 13 de abril, buscando alguns documentos para trâmites legais, encontrei este diário com registro de sonhos que ela anotava. Abri o livro, que desconhecia a existência, numa página aleatória com o título Sonho ou Realidade

O registro se refere as lembranças de um sonho ocorrido no dia 8 de novembro de 1998 e o foco principal é a minha irmã Mara que faleceu tragicamente em março de 1996.  

Na descrição do sonho se projetava um reencontro que precisou esperar quase 25 anos para acontecer. 


"Era uma cidade muito grande com muitas casas, jardins lindos e árvores: parecia o paraíso! 

Eu cheguei e fui sentar no banco da praça. Em seguida vi a Mara vindo, mas ela não olhou para mim e passou bem perto.

 Eu não falei nada e ela entrou num prédio grande próximo de onde eu estava. Fiquei esperando para ver se ela ia sair e eu ia conseguir falar com ela que estava muito bem vestida com saia e blazer cinza claro, bolsa e sapatos pretos. Só estranhei o cabelo dela que sempre foi liso, estava crespo e muito bonito. 

Não demorou e ela saiu, passou por mim e disse: vem comigo, porém, ia mais à frente e eu tive dificuldade em acompanhar devido a rapidez. Chegamos num prédio alto e lindo, de uma limpeza e um perfume de flores. Entramos e estava lotado. Era uma sala enorme com muitas poltronas, um teatro ou cinema. Talvez uma sala para reuniões. Eu sentei e a Mara sumiu. Era muita gente e eu pensei: o que estou fazendo aqui, num local cheio de jovens. Aí apareceu uma moça e falou: vocês sabem do que se trata e agradeceu a presença de todos. Apareceram quatro moças e mais a Mara, e começaram a cantar. Foi maravilhoso, só vendo a emoção que eu fiquei ouvindo um canto que só podia existir em outro lugar e não na Terra. Cantaram bastante e depois apareceram algumas meninas, talvez umas dez e cantaram juntas sendo muito aplaudidas. Quando terminou pensei em ir embora mas não conseguia levantar. Depois de um tempo apareceu a Mara e me abraçou. Eu falei que gostei muito da apresentação, que foi emocionante e não sabia que ela cantava tão bem: ela sorriu! 

Falei para ela que eu gostei do cabelo crespo e não liso. Eu disse que achei coisa de outro mundo a apresentação e inclusive a roupa: era uma túnica lilás bem clarinha. 

Ela disse: vem mãe, vamos lá aonde eu moro. Era um prédio grande com salas, bibliotecas e os quartos muito bonitos, bem decorados, limpos e com um cheiro agradável, onde morava muita gente. Eu perguntei se ela estava bem e disse que sim, não queria ter vindo mas foi preciso e agora não tem o que mudar. Aí eu perguntei o que foi que aconteceu, pois pra mim, isto tudo parece um sonho. O que foi que aconteceu? Ela disse "sebinhos" e eu acho que se referia a gordura no sangue que chegou ao coração, mas que não adiantava que devia deixar para lá pois teve de vir, não por sua vontade, mas que assim estava determinado. 

Eu disse: nós estamos juntas em pensamento e eu sofro a tua ausência, mas Deus nos ajuda a aguentar a dor e a saudade e vamos nos encontrar mais vezes. Mara me disse para dar as coisas dela que não deveriam ficar guardadas. Não importava para quem fosse entregues. Ficamos mais um tempo juntas, conversamos bastante e estava bem, só que tinha muito o que fazer e às vezes se sentia cansada. Chegaram uns amigos e amigas dela e eram todos simpáticos e alegres. 

Aí ela me levou para outro prédio que era de uma beleza a que nem sei como descrever. Todo em mármore verde com estampas de flores de todas as cores: algo inesquecível! Ficamos lá um tempo e eu comentei que já era quase meio-dia e que eu deveria voltar para casa. Ela concordou comigo e disse que em seguida íamos nos ver de novo e eu disse que sim. Disse que eu estava feliz porque ela estava bem e com tantos amigos e amigas a sua volta. A saudade nunca ia deixar de existir, mas as nossas visitas amenizariam a saudade. 

Assim eu acordei de um sonho/realidade e estava com a minha adorada filha Mara. Te amo cada vez mais, meu coração ficou dividido pela metade com a tua partida e o que restou é teu e do Lico. Te amo! 

O dia do nosso encontro no plano espiritual será um dia muito feliz para mim. Wali". 

Mara em 1977 com 18 anos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário