Selos "Aviação" de diversos valores. Acervo: Luiz Henrique Torres. |
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A série "Vovó" é um termo adotado por filatelista para definir selos ordinários ou regulares (tiragens ilimitadas e várias reimpressões) que foram emitidos entre 1920 a 1941.
Dentre estes selos está o "Aviação" que apresenta 39 tipos diferentes entre valor, cor e filigrana (marca d'água).
O primeiro "Aviação" foi emitido em 1920 no valor de 100 réis e cor vermelho. Até as últimas emissões no ano de 1939 foram utilizadas várias cores neste selos: vermelho, amarelo, roxo, azul, laranja, ardósia, vinho, verde, oliva, pardo, lilás-cinza e carmim.
Esta série "Vovó" busca divulgar imagens monocromáticas ligadas ao desenvolvimento econômico do país. Entre os temas tratados está a aviação (selo de um biplano), que é o mais "ficcional" para sua primeira emissão em 1920, quando o uso do avião era algo distante no Brasil. Santos Dumont era uma referência, algumas apresentações aéreas já ocorriam, mas, o avião ainda não era um meio concreto de circulação de riqueza econômica.
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, com escalas, ocorreu em 1922 por dois aviadores portugueses. As dificuldades técnicas eram inúmeras e até a década de 1930 (primeiros vôos do avião Douglas DC-3 que tinha capacidade para 21 passageiros), havia limitações de peso de mercadorias e de número de passageiros transportados.
A primeira empresa aérea brasileira nasceu no Rio Grande do Sul em 1927, que foi a Condor Syndicat que no mesmo ano foi assumida pela VARIG.
As visitas do Zeppelin, a partir de 1930, tornaram o deslocamento aéreo -de correspondências e não de mercadorias-, um modal que acelerou as informações econômicas e a aproximação dos mercados. Evidenciou que o domínio do ar era essencial para encurtar o tempo de reprodução do capital. Mas a circulação de mercadorias, no Brasil ou com outras países, ainda estava ligada essencialmente ao transporte marítimo ou ao modal ferroviário (entre estados brasileiros e na existência de malha ferroviária).
Porém, a "Aviação" já estava contemplada em 1920, talvez de forma visionária para o futuro, enquanto perspectiva ligada a "modernidade" tecnológica e ao desenvolvimento econômico do país.
Os selos mostram uma mulher de perfil estendendo sua mão em direção ao sol numa expressão serena de crença no progresso. Afinal, o símbolo da modernidade tecnológica e do domínio dos ares, o avião, está desenhado no mesmo plano do sol evidenciando um porvir radioso. Em sua outra mão está pousado um pássaro (uma pomba que mostraria o equilíbrio entre a técnica e a natureza), a domesticação humana da arte de voar.
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