Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 6 de outubro de 2020

MÁGICO VENTO - HQ

Mágico Vento deluxe: Cara de Pedra. São Paulo: Mythos Editora, n.5, capa dura, color, 27,2 x 20 cm, p. 202, novembro de 2019.  Roteiro: Gianfranco Manfredi; Ilustradores: Bruno Ramella, Giuseppe Barbati e Paolo Raffaelli. 


Resenha da Editora:

"Para o povo de Carved Rock, o homem cujo rosto está esculpido na montanha é o enviado da Providência, mas, para os índios utes, a chegada dele significa desventura e luto, segundo uma profecia. Mas Derek Dish é, sobretudo, um louco sanguinário que fugiu do manicômio em busca de vingança pela sua vida infeliz. A paz entre colonos e índios está para ser quebrada… e Mágico Vento deve se apressar para atender à invocação dos três mensageiros que surgem em suas visões se quiser evitar uma carnificina".


Mágico Vento (nome indígena) ou o ex-soldado Ned Nellis é um dos personagens mais recentes que conheci da Bonelli. Este personagem foi criado por Manfredi em 1997, publicado pela Mythos entre 2002 a 2013 e retomado com estas edições especiais entre outras coleções. 

Antes de entrar para a Universidade, em 1982, lia tudo que pudesse adquirir ou intercambiar com outros leitores. O dinheiro era muito curto e tinha que selecionar muito bem as escolhas dos quadrinhos. E uma das leituras preferidas, que consegui completar a coleção, foi Ken Parker criado em 1974 e publicado no Brasil pela Editora Vecchi a partir de 1978 totalizando 53 números. 

Com o início do Curso de História as leituras migraram para outros lugares e os interesses intelectuais/recreativos se modificaram. Com raras exceções, a maioria dos leitores devem vivenciar as descontinuidades nas leituras: as novas experiências, as atividades profissionais, levam a abandonos permanentes ou a retornos na velhice (ou pré?) para repensar a trajetória gráfica e rememorar antigas leituras. 

Ken Parker merecia receber uma acabamento gráfico como a Mythos tem dedicado a Mágico Vento. Porém, não sei em que medida o personagem caiu no esquecimento e não seria um fracasso de vendas... 

Voltando ao Mágico Vento as ilustrações são um deleite visual: não há excessos e nem pretensões demasiadas e, sim, um fluxo sequencial que corresponde harmonicamente a narrativa textual de Manfredi.  

Uma das coisas que me agrada nas HQs é a referência indireta ou direta a obras literárias ou a literatos. Neste caso foi o norte-americano Nathaniel Hawthorne que fez uma referência em um de seus contos a um morro com "cara de pedra". Outra referência é personaem jornalista com sobrenome Poe, que é amigo de Mágico Vento. Este gancho possibilita muitas reflexões ou referências ao grande contista/literato. 

Em relação a alguns componentes essenciais do roteiro: a referência aos índios Utes é fundamental pois eles fazem uma leitura do morro cara de pedra como uma representação simbólica de maus acontecimentos e de deixá-lo intocado para não despertar maldições; os mineradores que desejam a exploração de ouro e a destruição deste morro, porém, evitam conflito com os índios e vão se tornando madeireiros; um personagem carismático e com distúrbios mentais que conduz os eventos; um grupo de rapineiros e patifes que querem iniciar uma guerra para que os índios sejam exterminados e seus negócios corruptos prosperem sem resistências. 

O cenário está montado e o restante da trama só fazendo a leitura desta HQ com letra maiúscula... 

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