Porto do Rio Grande em 1908

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terça-feira, 15 de setembro de 2020

TELÉGRAFO GUARANI

Visconde de Taunay.
Acervo: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/97/Alfredo_Taunay.JPG


O militar e literato Visconde de Taunay deixou em seus livros algumas preciosidades que remete a vivências do século 19. No livro "Recordações de Guerra e de Viagem" (Brasília, Senado Federal, 2008, p. 95)ele faz referência aos causos que os militares contavam em volta do fogo durante a Guerra do Paraguai. Uma das histórias era de um velho brigadeiro "tão conhecido pela sua bravura como pela ignorância".
 
Vejamos algumas destas histórias que provocavam algumas risadas no meio daquela mortandade:
 
"Dele se contava que ditando ao secretário a parte relativa a um combate dissera: “Não se esqueça de escrever que o inimigo fugiu tomado de um terror pândego!”.

Outra vez, como voltasse de longo e penoso reconhecimento, exclamava a cada momento: “Ah! estou estrompado: tenho os pés intransitáveis.” 

A conversa deste brigadeiro era uma série de contínuas batatadas, como se dizia então no Exército, embora não fosse absolutamente um toleirão. 

De uma china, formosa rapariga por quem certo oficial riograndense fazia grandes sacrifícios, referia ele: “Aquela chinota sustenta um luxo asinático.” “Asiático”, queria exprimir o bom do homem. 

Casa aritmeticamente fechada, casa de genealogias verdes eram cousas que lhe atribuíam entre muitas e muitas outras calinadas de alto viso. 

Por exemplo relatavam que uma vez fizera com ar pesaroso a seguinte observação, ao contemplar enormes rolos de fio telegráfico, deixados numa estação pelos paraguaios: “Que pena não nos poder servir tudo isto?” “– Mas, por quê, General?” “– Ora e que palerma! não passariam senão palavras em guarani!”. 

 Dele, ou de outro, se relatava ainda que um dia de forte trovoada fizera uma ordenança varrer às pressas o assoalho da sala juncado de pontas de cigarro. E como indagassem os presentes, surpresos da necessidade de tal medida, redargüira vivamente: “Então os senhores não conhecem o poder das pontas em eletricidade?! Com efeito!”

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