No registro de seu volumoso Diário, datado de 29 de janeiro de 1822, Auguste Saint-Hilaire escreveu uma breve mas eloquente descrição da natureza que envolvia a cidade do Rio de Janeiro nas vésperas da Independência do Brasil.
Com toda a motivação fisiográfica e paisagística, Saint-Hilaire, assim como muitos viajantes e escritores, enalteceram a beleza natural e projetaram o Rio de Janeiro no imaginário tropical dos europeus.
Rio de Janeiro. Pintor italiano Nicolau, 1869. Acervo: http://historia.jbrj.gov.br/original/foto0043original.jpg |
"Talvez nada no mundo seja tão belo quanto as cercanias do Rio de Janeiro. No verão, o céu é de um azul carregado; no inverno, as cores se suavizam, apresentando o azul esbatido de nossos mais belos dias de outono. Aqui, a vegetação nunca descansa, e em todos os meses do ano, os bosques e campos estão floridos. Florestas virgens, tão antigas quanto o mundo, exibem sua majestade quase às portas da cidade, formando um contraste com as obras humanas. As casas de campo em torno da cidade não têm nenhuma magnificência; nelas não foram seguidas as regras da arte, mas a originalidade de sua construção contribui para
tornar a paisagem mais pitoresca.
Quem poderia pintar as belezas que a baía do Rio de Janeiro apresenta, essa baía que, segundo o Almirante Jacob, poderia conter todos os portos da Europa! Quem poderia pintar essas ilhas de formas tão diversas que se levantam de seu seio, a multidão de enseadas que desenham seus contornos, as montanhas tão pitorescas em sua orla, a vegetação tão variada que embeleza suas margens!" (Viagem ao Rio Grande do Sul / Auguste de Saint-Hilaire; tradução de Adroaldo Mesquita da Costa. -- Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2002).
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