Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 1 de junho de 2020

SAINT-HILAIRE E AS OBRAS INACABADAS

Auguste de Saint-Hilaire. Viagem a Província do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Edição francesa de 1850. 

       Auguste de Saint-Hilaire ao percorrer, no dia 1 de fevereiro de 1822, a região dos atuais municípios de Nova Iguaçu e Miguel Pereira (Rio de Janeiro) comentou que pontes estavam em construção e permaneciam inacabadas por longos anos. Ele fez a seguinte reflexão:
      “Trabalhou-se ali, durante muito tempo. Gastaram-se somas consideráveis. Desde porém, que se franqueou a passagem, não só não se concluíram as partes apenas esboçadas como não foram conservados os trechos já construídos. As águas já cavaram, ali, profundas covas e trarão a inutilidade desta bela estrada se mais um ano decorrer sem conserva.
      É mais ou menos assim que tudo se empreende neste país. Os brasileiros aprendem com facilidade, sabem arquitetar planos, mas entregam-se, demais, ao devaneio, não medindo obstáculos nem calculando os empreendimentos de acordo com os seus recursos. Os defeitos de sua administração acumulam os obstáculos fictícios aos reais. O espírito de inveja e intriga, mais veemente do que em qualquer outro lugar, interpõe-se a tudo quanto se faz, tudo perturba, favorece o tratante, e desencoraja o homem honesto. Começa-se qualquer empreendimento útil, para logo ser interrompido e abandonado. Às vezes um serviço ordenado pelo governo e que se poderia acabar em pouco tempo, e com despesas mínimas, jamais termina, embora nele se trabalhe sempre. A obra se transforma quase em apanágio de um homem de posição. De que viveria ele se lhe tomassem tal patrimônio?”

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