Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 23 de maio de 2020

JOÃO CAETANO DOS SANTOS EM RIO GRANDE

Selo postal em homenagem a João Caetano. https://i.colnect.net/b/3821/917/Jo%C3%A3o-Caetano-dos-Santos-and-stage.jpg

     Ontem, no blog, foi publicada a notícia da possível vinda do ator João Caetano dos Santos a Rio Grande. Esta possibilidade parecia distante, mas, se concretizou pelos esforços da direção do Teatro Sete de Setembro da cidade do Rio Grande. 

    Este tema foi abordado por Leandro Kerr Gimenez no artigo “A vinda do maior ator do Império ao extremo sul brasileiro” (Mafuá, edição 15). 

    Breves passagens do artigo são reproduzidas abaixo e recomendo a leitura integral no endereço: https://mafua.ufsc.br/2011/vinda-do-maior-ator-do-imperio-ao-extremo-sul-brasileiro/

http://www.culturaniteroi.com.br/blog/imagens/2458_capa.jpg

      No dia 23 de agosto de 1854, o ator chegou ao Porto do Rio Grande vindo do Rio de Janeiro. No dia 27 de agosto ocorreu a estreia de João Caetano no Teatro Sete de Setembro com a peça “A Dama de Saint Tropez”. 

Conforme Leandro Kerr Gimenez, “no meio dos mais estrondosos aplausos, terminou A Dama de S. Tropez e os brados repetidos de “O Gênio do Brasil à cena!” ecoaram por algum tempo no espaço. Logo após, retornou ao palco o herói da noite e, após alguns momentos, João Caetano dos Santos pediu a atenção do público, e, interrompido a todo o momento pelo som dos bravos, recitou uma poesia intitulada Salve, Estrela do Sul!. Nesse texto, o ator agradece aos rio-grandinos pelo convite e acolhimento, além de dizer que sempre foi um desejo seu visitar a esta província do Sul do Brasil”. 

     Outras peças foram apresentadas e o ator, também fez apresentações em Pelotas. A última peça encenada em Rio Grande foi “A Gargalhada” no dia 31 de outubro e o artista partiu em viagem para o Rio de Janeiro no dia 2 novembro. No jornal O Rio-Grandense (04-11-1854) ele faz sua despedida: 

"Partindo desta Província, não posso ausentar-me sem testemunhar a minha gratidão, a este generoso país. Levo gravado em meu peito vivíssimas saudades, e apreciáveis recordações, e jamais se riscará da minha lembrança o quanto sou devedor do ilustrado público Rio Grandense! Ausento-me penhorado no mais alto quilate, por este benigno público que tanto me honrou, e distinguiu. Terei sempre impresso na memória agradecida que me prodelisaram aqui, aplausos, distinções flores, e primorosas poesias, e que as ilustres, e respeitáveis senhoras desta terra, esses arcanjos do sul, ornaram a minha fronte de artista, com mais uma coroa de glória. Estas elevadas e distintíssimas honras que recebi não as refiro por orgulhoso, nem para exaltar o pouco que considero, se me lembro delas, é para protestar o mais profundo reconhecimento e uma sincera gratidão a par da minha existência! Seja pois este hospitaleiro país sempre ditoso, e prospere sempre. São estes os votos da alma agradecida de João Caetano dos Santos". 

     A vinda e permanência por mais dois meses de João Caetano dos Santos ao extremo sul brasileiro, possibilitou na análise dos poemas recitados e publicados na imprensa ao longo deste período, "observar melhor não só a produção literária presente nas cidades de Rio Grande e Pelotas, na metade do século XIX, mas também resgatar o histórico do ambiente nessas províncias. Pode-se concluir que o Arcadismo foi a escola literária que influiu em tais produções, no entanto a irregularidade nas sílabas poéticas e o sentimento nacionalista presente nos textos demonstra uma influência da escola romântica nas poesias. E que os poemas do extremo sul brasileiro estavam seguindo o mesmo movimento que os da corte, pois, em todos os casos, as características são semelhantes”.

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