O anúncio do Almanaque Comercial Ilustrado Rio-Grandense do ano de 1914 identifica quatorze padarias atuando em Rio Grande. Pela concentração na área central, várias padarias dos bairros, inclusive da Cidade Nova, ficaram de fora da relação (o anúncio era pago...).
Em cidade de tradição portuguesa não pode faltar padarias. Certo, mas isto não é exclusividade lusa, pois o consumo de pão é multifacetado em diferentes culturas.
Este objeto do desejo remete a uma história muito antiga da qual reproduzirei algumas passagens do endereço eletrônico da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria.
"É claro que a história das padarias é também uma história sobre o pão. Mas o alimento é tão antigo que mesmo os historiadores não sabem precisar a data de seu surgimento. Estima-se que tenha sido há cerca de 12 mil anos, na região da Mesopotâmia, onde hoje se localiza o Iraque. Porém, uma descoberta de 2010 coloca em cheque essa procedência: sinais de amido encontrados em pedras de moer de mais de 30 mil anos sugerem que o alimento possa ser bem mais antigo do que imaginamos.
Mesmo assim, é importante lembrar que os primeiros pães eram bem diferentes do que conhecemos hoje: feitos de farinha misturada ao fruto do carvalho, eles eram achatados, duros e secos. Para comê-los, era preciso lavá-los diversas vezes com água fervente, para tirar o amargor. Depois disso, os pães eram assados sobre pedras quentes ou debaixo de cinzas. Essa técnica foi usada até cerca do ano 7.000 a.C., quando os egípcios passaram a usar os primeiros fornos de barro para assar pães – e aí a coisa melhorou bastante.
Quanto às padarias, até pouco tempo estimava-se que os locais de venda do nosso pãozinho ao público só tivessem surgido por volta do ano 140 a.C, em Roma. Mas a história do pão revela que as panificadoras podem existir desde o antigo Egito.
É o que sugere também uma descoberta feita por uma equipe de arqueólogos americanos em 2002, que diz ter encontrado a padaria mais antiga do mundo, no Oásis de El-Kharga. O local é datado de 3.000 a.C. e acredita-se que tenha sido usado pelos egípcios para produzir o chamado “pão do sol” – que, por sinal, é consumido até hoje na região. O espaço contava com bandejas, um forno e outros utensílios para a produção de pães. Por sinal, assar pão em grande escala parece ter sido a principal ocupação das pessoas que viviam por ali – e estima-se que grande parte do alimento produzido era usado para alimentar o Exército que passava pela região.
A participação dos egípcios na criação da receita é inegável. Acredita-se que foram eles que cultivaram o levedo para a fermentação da massa de pão – embora alguns historiadores sugiram que o fermento possa existir desde a pré-história. E, se os egípcios foram importantes na evolução do nosso pãozinho, a recíproca também é verdadeira. O alimento era tão importante para os moradores da região que o termo “ganha-pão” faria mais sentido do que nunca por lá: o salário de um dia de trabalho era pago com três pães e duas canecas de cerveja.
Apesar disso, foi em Roma que as padarias começaram a tomar forma, com a criação das primeiras escolas de padeiro e dos primeiros comércios de pão. No século II a.C, os padeiros gozavam de grande prestígio na sociedade romana, sendo até mesmo isentos de alguns impostos. No mesmo período, surgiu a primeira associação de padarias e panificadores de que se tem notícia. Acredita-se que muito do que os romanos sabiam sobre a produção de pães tenha sido absorvido da cultura grega, já que muitas padarias eram pertencentes a imigrantes gregos que viviam em Roma. E, com o conhecimento de mais de 70 receitas de pão, não era de se estranhar que a “política do pão e circo” tenha surgido por lá…(https://www.abip.org.br/site/qual-a-origem-das-padarias/).
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