Porto do Rio Grande em 1908

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quinta-feira, 23 de abril de 2020

O ENTRUDO E A SERINGA

        O jornal Bisturi fez uma cobertura do carnaval do ano de 1890 e não ficou satisfeito com o que acompanhou. "Este ano o carnaval exibiu-se ridiculamente, como um miserável mendigo, esfarrapado e leproso, causando tédio as multidões. Uns pulhas sebentos, esfarrapados, nauseabundos provocando o tédio e a indignação popular. Simplesmente sebífero o carnaval este ano, mostrando-nos que tudo vai em caminho de desmantelamento e destruição".   

         Os primórdios da República, proclamada três meses antes do carnaval, demarca instabilidade econômica e um crescendo de violência e de enfrentamento político. O resultado será confrontos cada vez mais frequentes até a eclosão da Revolução Federalista (1893-1895) e os seus dez mil mortos no Rio Grande do Sul. Este ambiente de agressividade já pode estar sendo transportado até para o carnaval, como é o caso do retorno de práticas de entrudo.  

       Um aspecto criticado pelo Bisturi foi o excesso de uso das seringas que eram utilizadas para lançar água ou outros líquidos nos transeuntes. Esta prática é típica do entrudo que já tinha proibições mas continuava em alta no Rio de Janeiro e outras cidades. O que chamou a atenção, foi o número de mulheres que estavam dando "um banho" nas pessoas que cruzavam em frente de suas casas. Usavam limões de cheiro, baldes e seringas.  A caricatura de Thadio Alves de Amorim é perfeita para observar esta guerra que ocorria nas ruas. 

Bisturi, 23-02-1890. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 
       Esta matéria traz um relato sobre a participação ativa do "belo sexo" neste retorno forte do entrudo à cidade do Rio Grande neste carnaval do ano de 1890. Carnaval morno a medíocre nos salões de bailes e entrudo liberado nas ruas. 

Bisturi, 23-02-1890. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.

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