Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

A BÍBLIA DO DIABO

Capa do Codex Gigas. Biblioteca Nacional da Suécia. 


A imagem do diabo. 





        O maior manuscrito medieval que sobreviveu aos séculos é o Codex Gigas que foi escrito no início do século XIII. Suas dimensões são de 92 cm, de altura, 50 cm de largura e 22 cm de espessura, pesando 75 kg. Foi produzido com pele de vitelo (160 bezerros teriam sido utilizados). O local de sua produção remete ao mosteiro beneditino de Podlazice na Boemia (atual República Tcheca) e desde 1649 faz parte do acervo da Biblioteca Nacional da Suécia.
         O Codex Gigas é também conhecido pelo nome de “Bíblia do Diabo” por dois motivos: em seu interior está uma figura satânica e a sua criação está envolta em especulação sobre o autor ter feito um pacto com o diabo.
      O mosteiro beneditino de Podlazice era relativamente pobre para ter produzido uma obra desta dimensão. A conclusão do Codex, escrito em latim, deve ter ocorrido no ano de 1229 e o seu conteúdo era constituído pela versão “Vulgata Latina” da Bíblia (com exceção de  Actos e Apocalipse). Também está reproduzida a enciclopédia "Etymologiae" de Isidoro de Sevilha; "Antiguidades Judaicas" e "Guerras dos Judeus" de Flávio Josefo; "Chronica Boemorum" (Crónica dos Boémios) de Cosmas de Praga; tratados sobre medicina; alfabetos; orações; exorcismos; um calendário com as datas de celebração de santos locais e registro de acontecimentos relevantes;  uma lista de nomes, possivelmente de benfeitores e de monges do mosteiro de Podlažice.
        O problema não reside no texto e sim na parte iconográfica, pois, o Codex apresenta figuras decoradas, as iluminuras e entre elas foi reproduzida à imagem do “diabo”. É na página 577, com 50 cm de altura, que está a figura de um diabo. Os livros eram copiados por monges ou escribas “letra por letra”. Poderia levar décadas para serem finalizados e poderiam apresentar variações na escrita (se passaram anos desde o início do trabalho de reprodução...). O Codex pode ter levado mais de 20 anos para ser concluído, mas, a escrita não apresenta alterações significativas.
         O documento foi disputado nas décadas seguintes: foi adquirido pelo mosteiro de Sedlec (ordem dos Cistercienses), pelo mosteiro de Brevnov (beneditino), por um mosteiro em Broumov, levado para Praga em 1594 na coleção de Rodolfo II. Em 1648, ao final da Guerra dos Trinta Anos, o manuscrito foi levado para a Biblioteca Nacional da Suécia.
       “Segundo a lenda, o escriba foi um monge que quebrou os votos monásticos e foi condenado a ser emparedado vivo. A fim de evitar esta severa sanção, ele prometeu a criação, de um livro que glorificaria o mosteiro para sempre e que incluiria todo o conhecimento humano. Perto da meia-noite, ele teve a certeza que não conseguiria concluir esta tarefa sozinho e, por isso, fez uma oração especial, não dirigida a Deus, mas ao arcanjo banido, Lúcifer, o Satanás, pedindo-lhe que o ajudasse a terminar o livro em troca da sua alma. O monge vendeu, assim, a sua alma ao diabo. Assim o manuscrito do monge foi concluído e acrescentada uma imagem do diabo como agradecimento pela sua ajuda. Apesar desta lenda, o códice não foi proibido pela Inquisição e foi analisado por muitos estudiosos ao longo dos tempos.
        Considerava-se por muito tempo que esta versão de condenação ao emparedamento do monge era verdadeira, devido à interpretação precipitada da palavra Inclusus, como sendo emparedamento. Na verdade foi reconsiderada esta tradução como sendo "recluso". Seria um monge que foi condenado, ou se condenou à reclusão no mosteiro para realizar o trabalho de uma vida. Se reforça essa versão pela "dedicatória" encontrada no final do livro: hermanus inclusus, ou "Herman, o recluso" ou "Herman, o enclausurado". (https://pt.wikipedia.org/wiki/Codex_Gigas).
 Acessei o “Codex Gigas” na Biblioteca Digital Mundial (https://www.wdl.org/pt/search/?q=codex+gigas).

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