Capa do Codex Gigas. Biblioteca Nacional da Suécia. |
A imagem do diabo. |
O maior
manuscrito medieval que sobreviveu aos séculos é o Codex Gigas que foi escrito
no início do século XIII. Suas dimensões são de 92 cm, de altura, 50 cm de
largura e 22 cm de espessura, pesando 75 kg. Foi produzido com pele de vitelo (160
bezerros teriam sido utilizados). O local de sua produção remete ao mosteiro
beneditino de Podlazice na Boemia (atual República Tcheca) e desde 1649 faz
parte do acervo da Biblioteca Nacional da Suécia.
O Codex
Gigas é também conhecido pelo nome de “Bíblia do Diabo” por dois motivos: em
seu interior está uma figura satânica e a sua criação está envolta em
especulação sobre o autor ter feito um pacto com o diabo.
O mosteiro
beneditino de Podlazice era relativamente pobre para ter produzido uma obra
desta dimensão. A conclusão do Codex, escrito em latim, deve ter ocorrido no
ano de 1229 e o seu conteúdo era constituído pela versão “Vulgata Latina” da Bíblia (com exceção de Actos e Apocalipse). Também está reproduzida a enciclopédia "Etymologiae" de Isidoro de Sevilha; "Antiguidades Judaicas"
e "Guerras dos Judeus"
de Flávio Josefo; "Chronica
Boemorum" (Crónica dos Boémios) de Cosmas de Praga; tratados sobre medicina; alfabetos; orações;
exorcismos; um calendário com as datas de celebração de santos locais e registro
de acontecimentos relevantes; uma lista
de nomes, possivelmente de benfeitores e de monges do mosteiro de Podlažice.
O problema não
reside no texto e sim na parte iconográfica, pois, o Codex apresenta figuras
decoradas, as iluminuras e entre elas
foi reproduzida à imagem do “diabo”. É na página 577, com 50 cm de altura, que
está a figura de um diabo. Os livros eram copiados por monges ou escribas “letra
por letra”. Poderia levar décadas para serem finalizados e poderiam apresentar
variações na escrita (se passaram anos desde o início do trabalho de reprodução...).
O Codex pode ter levado mais de 20 anos para ser concluído, mas, a escrita não
apresenta alterações significativas.
O documento foi
disputado nas décadas seguintes: foi adquirido pelo mosteiro de Sedlec (ordem
dos Cistercienses), pelo mosteiro de Brevnov (beneditino), por um mosteiro em Broumov,
levado para Praga em 1594 na coleção de Rodolfo II. Em 1648, ao final da Guerra
dos Trinta Anos, o manuscrito foi levado para a Biblioteca Nacional da Suécia.
“Segundo a
lenda, o escriba foi um monge que quebrou os votos monásticos e foi condenado a
ser emparedado vivo. A fim de evitar esta severa sanção, ele prometeu a
criação, de um livro que glorificaria o mosteiro para sempre e que incluiria
todo o conhecimento humano. Perto da meia-noite, ele teve a certeza que não
conseguiria concluir esta tarefa sozinho e, por isso, fez uma oração especial,
não dirigida a Deus, mas ao arcanjo banido, Lúcifer, o Satanás, pedindo-lhe que
o ajudasse a terminar o livro em troca da sua alma. O monge vendeu, assim, a
sua alma ao diabo. Assim o manuscrito do monge foi concluído e acrescentada uma
imagem do diabo como agradecimento pela sua ajuda. Apesar desta lenda, o códice
não foi proibido pela Inquisição e foi analisado por muitos estudiosos ao longo
dos tempos.
Considerava-se
por muito tempo que esta versão de condenação ao emparedamento do monge era
verdadeira, devido à interpretação precipitada da palavra Inclusus,
como sendo emparedamento. Na verdade foi reconsiderada esta tradução como sendo
"recluso". Seria um monge que foi condenado, ou se condenou à
reclusão no mosteiro para realizar o trabalho de uma vida. Se reforça essa
versão pela "dedicatória" encontrada no final do livro: hermanus
inclusus, ou "Herman, o recluso" ou "Herman, o
enclausurado". (https://pt.wikipedia.org/wiki/Codex_Gigas).
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