Porto do Rio Grande em 1908

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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

PLANETA 9 OU NIBIRU

Ilustrações: site apollo11.



“Quando o segundo sol chegar,
Para realinhar as órbitas dos planetas,
Derrubando com assombro exemplar,
O que os astrônomos diriam se tratar
de um outro cometa”. O Segundo Sol. Nando Reis.
  
         Estamos acompanhados de mais um planeta no sistema solar!  Artigo publicado no Astronomical Journal por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia defende a existência de um planeta gigante (massa dez vezes maior do que a Terra) com órbita alongada (orbitando o Sol numa distância média 20 vezes à de Netuno) e localizada a cerca de 4,48 bilhões de quilômetros do Sol (a Terra orbita a cerca de 150 milhões de quilômetros). Como Plutão foi rebaixado da condição de nono planeta do Sistema Solar (passou para planeta anão), este novo astro foi apelidado de Planeta Nove na composição do nosso Sistema. Enquanto a Terra completa uma volta em torno do Sol em 356 dias, este novo planeta levaria entre 10 e 20 mil anos para completar uma volta completa. Porém, ele continua a ser hipotético, pois não há registro visual de sua existência e sim perturbações gravitacionais na região do Cinturão de Kuiper (área do sistema solar que se estende da órbita de Plutão para distâncias ainda maiores do Sol e que é composta por milhares de corpos com formação semelhante aos dos cometas). O planeta nove ou X seria o quinto dos planetas gasosos do sistema solar além dos já conhecidos Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Este é o campo de pesquisa do estudo astronômico, lento e sistemático, que vai construindo um livro em que sempre surgem novas páginas para serem escritas e outras para serem retificadas em consonância com os novos conhecimentos a partir do esforço intelectual (e transpiração) de inúmeros cientistas. Outro campo mais rápido é o das profecias, da teleologia explicativa, da suposta fala transmitida por deuses, das interpretações apressadas em supostos escritos ou pictografias do passado. A egolatria e as visões do futuro quase sempre não fecham com um olhar metódico e crítico. Dando um exemplo, no livro “Eram os Deuses Astronautas” de Erik Von Daniken se constata da superficialidade de afirmações sensacionalistas com ETs pululando por todos os lados.
O anúncio deste novo planeta trouxe euforia para os defensores da existência de Nibiru, um suposto planeta conhecido pelos sumérios e cuja existência foi defendida pelo escritor e arqueólogo Zecharia Sitchin (1920-2010). Para ele, registros sumérios supostamente indicam que o planeta Nibiru (associado ao Deus Marduk) orbita o sol a cada 3.450 anos e que a cultura suméria que teve início em 6500 antes de Cristo teria sido criada pelos Anunnakis (extraterrestres de Nibiru) que chegaram ao planeta Terra 450 mil anos atrás para a exploração de minérios e escravidão dos humanoides. Atualmente, este hipotético planeta estaria novamente se aproximando da Terra e dos planetas mais próximos ao Sol e provocando mudanças nas órbitas e a possível destruição da humanidade. Porém, os textos de Sitchin afirmam que a última passagem ocorreu em 556 a. C. e a próxima ocorrerá em 2900 d. C. Em contraponto, os historiadores questionam as traduções de textos sumerianos feitos por Sitchin que buscou adaptar informações dispersas para confirmar a sua ampla teoria do fim dos tempos. Os astrônomos questionam a órbita demasiadamente excêntrica deste astro. Porém, a provável existência do planeta nove reacende a discussão da teoria de Nibiru e o retorno do êxtase apocalíptico.
Conforme o site apollo11, a história de Sitchin encontra “eco nas mentes mais avessas ao conhecimento e ao método científico, que esquecem que qualquer história pode ser inventada e coincidentemente pode acontecer. Se amanhã os cientistas descobrirem vida em outros planetas, as risadas vão se repetir, pois essa possibilidade já foi arduamente explorada em filmes e livros de ficção. Ninguém perguntou se a órbitas do hipotético Planeta Nove e Nibiru são as mesmas, se os períodos orbitais são os mesmos ou se as massas são as mesmas. Ninguém perguntou se a velocidade de deslocamento de Nibiru é possível ou se a própria existência dele é verossímil. Nada disso importa apenas o desejo de sua existência. A crendice na existência de Nibiru está ligada não só ao baixo nível no ensino das ciências nas escolas, mas principalmente ao desejo que a maioria das pessoas tem em acreditar em algo superior, extraterrestre, religioso, que possa dar uma lição aos homens, que não cuidam bem do planeta. O desconhecimento científico e a preferência pelo fácil sobrenatural geram grandes distorções no pensamento de toda uma população. É mais fácil acreditar em uma fábula, desdenhar e rir das conquistas da ciência a entender que somente o conhecimento e estudo podem tirar o indivíduo da escuridão”.
         De fato, a visita de corpos celestes ao planeta Terra pode ser um grande fator de destruição em massa ou de mudanças radicais nas condições físico-químicas que hoje conhecemos. O Sistema Solar ainda apresenta inúmeros mistérios para além de Plutão. Mas o fator concreto de alerta está ligado ao cinturão de asteroides e aos cometas que orbitam em torno do Sol. Choques contra o planeta poderão ser significativos para a sobrevivência do homo sapiens. O choque com o asteroide (7822 1991 CS) que passou no dia 23 de fevereiro a 65 L.D. (distância lunar de 384 mil km multiplicado por 65) representaria uma explosão de 202 milhões de kilotons (TNT).   
No ano de 2036 as manchetes estarão repletas de informações sobre o asteroide Apophis que deverá passar a 29 mil quilômetros da Terra com uma possibilidade extremamente remota de choque.  Para o ano de 2880 a situação será mais grave com o asteroide 1950 DA que tem uma chance em 300 para colisão. E por maior que seja o rastreamento destes milhares de corpos celestes as surpresas sempre estão presentes: sem qualquer aviso, uma grande explosão ocorreu no dia 6 de fevereiro deste ano a 31 km de altitude no Oceano Atlântico (a 1.800 km do litoral do Rio de Janeiro). Conforme a NASA-JPL, a energia liberada foi de 13 mil toneladas de TNT e foi à maior rocha a ingressar no planeta desde a explosão de 2013 na Rússia.
O espaço, enquanto fronteira final, nos reserva muitas surpresas. Porém, ele não deve refletir e ajustar-se a egolatria fundamentalista terrena!  

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