Rua Marechal Floriano esquina Beco do Carmo por volta de 1870. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Após as primeiras
obras ocorridas entre 1857 e 1862 o grande impulso do calçamento ocorreu a
partir de agosto de 1874 e ao longo de 1875. Foram calçadas as principais ruas
da cidade: Riachuelo, desde Ewbank até 16 de julho; General Osório, desde os
Andradas até a Misericórdia; Pedro II desde Barroso até o fim da mesma rua,
junto ao Tivoly Velho; Príncipes, desde Imperatriz até a rua da Câmara Velha;
Vinte de Fevereiro desde a praça Sete de Setembro a rua Marques de Caxias;
Imperatriz até a rua Uruguaiana; Francisco Marques até Paissandu; Andrade
Neves, até a praça 7 de setembro; Vileta até Uruguaiana; 16 de julho até
Uruguaiana; Zalony até 20 de fevereiro; Andradas até Uruguaiana; Marques de
Caxias até a dos Príncipes; Beco do Castro até a rua dos Príncipes; os dois
Becos da Matriz até a praça da mesma Matriz; General Netto desde a rua General
Osório até a praça da Matriz; Câmara Velha desde a rua General Osório até a dos
Príncipes; Ewbank desde Riachuelo até a rua Pedro II. Foram feitos 81 cordões
de pedra nas esquinas mais transitáveis “de sorte que desde o centro da cidade
até a praça Marques do Herval, há trânsito enxuto a pé; carece-se ainda de
alguns em lugares de menor trânsito. Monta em 57.500 metros quadrados
o que se tem feito até hoje. O calçamento foi contratado em julho de 1874 a 4$800 a mão-de-obra
por braça quadrada, inclusive o carreto da pedra. Em novembro de 1875,
conseguiu-se contratar a 790 rs. o metro, havendo neste último contrato grande
vantagem para os cofres da municipalidade”.
Este detalhado
relatório de 1876, ressaltou da grande dificuldade por falta de pedra, tendo
que se comprar um carregamento do Rio de Janeiro por até 7$000 rs a tonelada e
posteriormente de Pelotas a 6$480. Fez ainda um contrato de pedra de São
Lourenço a 5$950 e de Porto Alegre a 5$900 e 6$000 rs.”[1].
Os proprietários
de imóveis auxiliaram a Câmara com seus donativos para o calçamento, entrando
para os cofres da Municipalidade a quantia de Rs 10:498$000. “Dispendeu-se até
hoje 105:308$132 sendo: empréstimo concedido pela lei 90:000$000; ágio das
apólices 1:120$000; auxílio dos particulares 10:498$000; dos cofres da
municipalidade 3:690$132; total de 105:308$123”.[2]
Nos relatórios foi
possível constatar que: o deslocamento da areia, as inundações das ruas e a
falta de nivelamento era a realidade do centro urbano da cidade do Rio Grande
na década de 1850-60; a falta de material para o calçamento e o alto custo da
aquisição, dificultou a compra de pedra frente aos escassos recursos municipais
disponíveis; os proprietários de imóveis foram chamados a participar do custeio
das obras; as pedras tiveram quatro procedências: São Lourenço do Sul, Rio de
Janeiro, Pelotas e Porto Alegre; os esforços da Câmara para promover o
calçamento das ruas foi sistemático entre 1855 e 1876; os trabalhos mais
antigos de calçamento foram executados no período de 1857 a 1862
restringindo-se a poucas ruas: Rosário (atual Dr. Laureano), do Poço (na atual
praça Sete de Setembro), da Alfândega (atual Andradas), Zalony, Francisco
Marques, do Arsenal (atual Ewbank), do Carmo (atual Benjamin Constant); as
grandes obras com mais de 57.000 metros quadrados foram executadas entre 1874 e
1875; a Câmara investiu parte dos escassos recursos da municipalidade o que não
permitiu um andamento acentuado nas obras, não recebendo auxílio financeiro da
Província.
Somente ao recorrer a Assembleia Provincial para autorização de um empréstimo de 90 contos de réis é que as obras apresentaram um ritmo acelerado e o imaginário das areias, construído no relato de tantos viajantes, começou a ser modificado.
[1] Relatório da Câmara Municipal da
cidade do Rio Grande em sessão de 8 de janeiro de 1876.
[2] Relatório da Câmara Municipal da
cidade do Rio Grande em sessão de 8 de janeiro de 1876.
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