Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

NA ERA DAS FERROVIAS


Estação da Quinta. Acervo: livro Patrimônio Ferroviário do RS.

Estação do Rio Grande. Acervo: livro Patrimônio Ferroviário do RS.


         Sempre é bom lembrar dos caminhos de ferro e suas locomotivas. Do tempo em que as cargas (produtos da pecuária e da agricultura rio-grandense) eram transportadas em trem e não por estradas. A brilhante ideia de transportar containers em caminhões não tinha surgido até porque os caminhões ainda não tinham sido inventados. Bons tempos antes da mortalidade ensandecida das estradas... Mas vamos aos fatos de como surgiram as estradas de ferro no Rio Grande do Sul e em Rio Grande.
A inauguração da primeira estrada de ferro no Brasil recua ao ano de 1854, no Rio de Janeiro. O empresário Irineu Evangelista de Souza, Barão de Mauá, foi o responsável pelo aporte de recursos financeiros para a obra. As estradas de ferro contribuíram para o desenvolvimento do mercado interno e para o florescimento de inúmeras cidades. As ferrovias tornaram-se no final do século XIX sinônimo de progresso e modernidade (conforme a obra Patrimônio Ferroviário no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: IPHAE, Palotti, 2002). No Rio Grande do Sul o início da história ferroviária remonta ao ano de 1866, com os debates na Assembléia Provincial para a construção de uma estrada de ferro ligando Porto Alegre com a região colonial alemã. Em abril de 1874 foi inaugurada a seção da estrada ligando a capital até São Leopoldo. Em sucessivas ampliações a estrada de ferro chegou a Canela no ano de 1922.
         A rede de estradas de ferro no Rio Grande do Sul ainda era composta por quatro linhas principais: Porto Alegre-Uruguaiana; Rio Grande-Bagé; Santa Maria-Marcelino Ramos; Barra do Quaraí-Itaqui. Foi no ano de 1872 que o engenheiro J. Ewbank da Câmara apresentou ao governo imperial o “Projeto Geral de uma Rede de Vias Férreas Comerciais e Estratégicas da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”, tendo a Estrada de Ferro Porto Alegre-Uruguaiana como o eixo principal das ferrovias e de caráter estratégico-militar, pois em 1865, o Rio Grande do Sul havia sido invadido por tropas paraguaias. A principal preocupação era a segurança das fronteiras meridionais do Império, sendo que em 1883 a primeira seção da Estrada foi inaugurada ligando Porto Alegre a Cachoeira do Sul.
         A Estrada de Ferro Rio Grande-Bagé fazia parte do projeto do engenheiro Ewbank Câmara com a denominação de Tronco Sul. O governo imperial autorizou a sua construção em 1873 no Decreto 2397: “O Governo fará construir uma estrada de ferro que comunique o litoral e a capital da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul com as fronteiras nos pontos mais convenientes, de modo que fiquem satisfeitos os interesses comerciais e as condições estratégicas”.
         O empresário Higino Correa Durão venceu a concorrência para construção da Estrada de Ferro Rio Grande-Bagé. Entretanto, Durão não cumpriu os prazos legais do contrato, sendo a concessão renegociada até que no ano de 1883 a Southern Brazilian Rio Grande do Sul Railway Company Limited torna-se cessionária da estrada. Em 2 de dezembro de 1884 a estrada foi inaugurada junto com as estações Marítima, Rio Grande, Junção, Quinta, Povo Novo, Pelotas, Teodósio, Capão do Leão, Cerrito, Cruz, Basílio, Erval, Cerro Chato, Lajeado, Nascente, Pedras Altas, Jose Sartori, Biboca, Candiota, Seival, Hulha Negra, Quebracho, Santa Teresa e Bagé. As cidades de Rio Grande, Pelotas e Bagé, representavam o tripé econômico porto-charque-gado. Em 1905, a estrada foi encampada pelo governo federal e arrendada para a companhia belga Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil. 

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