Nas ilustrações são reproduzidas a capa de jornal inglês dando amplo destaque aos crimes e uma representação artística de Jack publicada na Revista Puck em setembro de 1888. |
Suspeitos nunca faltaram!
Incertezas sempre restaram... O caso Jack, o Estripador acabou tornando-se uma
das mais famosas lendas urbanas envolvendo a ação de um psicopata. Inúmeras
teorias já foram formuladas para esclarecer os cinco assassinados ocorridos em
Londres no ano de 1888. E quanto mais o tempo passa, parece cada vez mais
distante as chances de esclarecimento final sobre a atuação deste serial
killer.
Em
termos numéricos Jack, era muito tímido em sua ação (também na Inglaterra em
período contemporâneo, Amélia Dyer, pode ter assassinado até quatrocentos
bebes). Mas o imaginário envolvendo os crimes de Jack e a divulgação literária
e cinematográfica do tema provocou a notoriedade internacional dos subúrbios
miseráveis da Londres Vitoriana, cenário onde os crimes foram perpetrados.
Jack, o estripador ou Jack the Ripper é o pseudônimo dado ao desconhecido
assassino de cinco mulheres no Distrito de Whitechapel (Londres). Esta foi a
assinatura em uma carta recebida pela Agência Central de Notícias de Londres,
supostamente enviada pelo assassino ou apenas fruto de um trote. O importante é
que o nome ganhou notoriedade e continua popular depois de mais de um século.
O cenário dos crimes era este miserável Distrito londrino que evidenciava
a dificuldade de integração de grande parte dos trabalhadores frente a
Revolução Industrial e o grande influxo de imigrantes irlandeses e judeus para
os suburbios ingleses. A polícia projetava que em Whitechapel pelo menos 1.200
mulheres trabalhavam como prostitutas numa condição de miséria. No dia 31 de
agosto de 1888 foi assassinada Mary Ann Nichols cujo corpo foi encontrado com
várias facadas e a garganta apresentava dois cortes profundos. Seguiram-se mais
quatro assassinatos até o dia 9 de novembro. Três das vítimas tiveram os órgãos
internos removidos com requinte de extrema brutalidade. Inclusive uma carta
recebida pelo Comitê de Segurança tinha em anexo um rim humano. Até 1891 ocorreram pelo menos mais sete
assassinatos brutais que a própria polícia especulou serem novas ações do
Estripador. Porém, os cinco assassinatos é que são o epicentro analisado pelos
investigadores na atuação de Jack.
A polícia recebeu centenas de cartas com informações sem maior fundamento,
mas três cartas teriam, supostamente, sido enviadas pelo assassino que usou na
primeira carta o pseudônimo de Jack, o Estripador. Ao longo do tempo, quase duzentas
pessoas foram consideradas suspeitas, seja na época ou na farta literatura que
se estende até o presente. Um dos primeiros suspeitos foi Montague Druitt que
chegou a cursar Direito e Medicina, e cometeu suicidio jogando-se ao Rio Tamisa
em dezembro de 1888. Até o médico da Rainha Vitória o dr. William Whithey Gull
foi considerado suspeito dos crimes. Igor Muniz, um brasileiro que foi visto
nos locais dos crimes, também foi alvo de investigação da polícia. Um
marinheiro alemão que sofria de surtos psicóticos e morreu na cadeira elétrica,
Carl Feigenbaum, entrou recentemente para a lista da fama dos possíveis
suspeitos. Porém, o último livro lançado sobre o tema levanta uma surprendente
hipótese: Jack era uma mulher!
Lizzie Williams, casada com o médico ginecologista que trabalha para a
realeza britânica dr. John Williams, seria a serial killer. O advogado inglês
John Morris escreveu o livro Jack, o Estripador: a mão de uma mulher (ainda sem
edição no Brasil). Conforme Morris, Lizzie matava por frustração em não poder
ter filhos e amargar um casamento infeliz. Três das vítimas tiveram o útero
removido e o autor propõe que o dr. William (um dos suspeitos dos crimes)
também a tenha ajudado.
Imaginação e ficção se cruzam na tentativa de desvelar o passado e
reconstruir realmente o que aconteceu naquele outono de 1888. Muitos suspeitos
e alguns fragmentos descontínuos numa época em que não havia exame de DNA e nem
técnicas avançadas para elucidação de crimes. Neste sentido, a busca por Jack,
o Estripador ganha novas leituras e movimenta o mercado editorial e do vídeo,
trazendo novas e espetaculares versões para aqueles acontecimentos sangrentos.
Porém, este exercício investigativo faz lembrar em muito o trabalho do
historiador que a partir de fragmentos tenta recriar cenários e aproximar-se ao
máximo da historicidade do passado sem jamais conseguir esgotá-la.
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