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Cartões (o primeiro da década de 1930 e o segundo da década de 1950) com destaque para a Rua Marechal Floriano e tendo a Capela de São Francisco à direita. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
A Capela de
São Francisco é um dos prédios mais antigos da cidade (o segundo mais
antigo...). Foi idealizado em 1792 e edificado em 1814, ficando geminado com o
prédio luso-brasileiro mais antigo do Rio Grande do Sul: a Igreja Matriz de São
Pedro (1755). Nesta longa história que no próximo ano completará dois séculos,
eventos multifacetados e funcionalidades diversas marcaram o prédio. Em suas
primeiras décadas de existência ocorriam, além das atividades litúrgicas, os
enterramentos realizados em seu interior. Na década de 1840 a prática dos
enterramentos foi proibida em todo o Brasil. Foi em 1833 que o padre Bernardo
Viegas foi assassinado na porta da Igreja, ocorrendo à ordem do arcebispo do
Rio de Janeiro, em protesto ao crime, de uma porta ser lacrada para sempre. No
século 20, a
redação e tipografia do jornal católico Cruzeiro do Sul, estava estabelecida em
seu interior. Em 1986 foi inaugurada a Coleção Arte Sacra do Museu da Cidade do
Rio Grande neste local, reunindo cerca de 2.000 peças em seu acervo.
A
curiosidade pela história da Capela é secular. Um exemplo é a tentativa de
esboçar um histórico do prédio e da Ordem de São Francisco em Rio Grande. O
ano que isto ocorreu foi 1911, numa publicação local chamada “Revista Rio
Grande do Sul” (Rio Grande: Atelier Fontana, n.5, abril de 1911). O texto foi
reproduzido na íntegra.
“A igreja da
Venerável Ordem 3° de S. Francisco de Assis, é um pequeno templo de antiga
construção e sobre sua edificação e fundação da Ordem apenas a custo, obtivemos
os seguintes pormenores: está edificada a rua Marechal Floriano. Os irmãos da 3°
Ordem da Penitência de S. Francisco de Viamão (...) que há longa data residiam
na então Vila de S. Pedro do Rio Grande e que na igreja matriz tinham edificado
um altar em que colocaram as imagens de S. Francisco de Assis e de N. S. da
Conceição, padroeira da Ordem, requereram um comissário alegando acharem-se
desde a invasão da Vila destituídos de quem os guiasse e pedindo ao mesmo tempo
para ficarem independentes da Ordem de Viamão, pela razão da grande distância
que mediava entre a Vila e aquele lugar. E então por patente de 19 de setembro
de 1781, assinada por frei José dos Santos Passos, ministro provincial de S.
Francisco do Rio de Janeiro e frei Antonio da Natividade Carneiro,
pró-secretário, foi nomeado comissário-delegado o professo da Ordem 3° de S.
Francisco, o padre José Gomes de Faria, vigário encomendado da Vila do Rio Grande.
A sua primeira eleição canônica teve lugar nesse mesmo ano. Em virtude de uma
provisão do bispo diocesano, o brigadeiro Rafael Pinto Bandeira, deu começo a
capela que existe, mas como não pudesse concluí-la por embaraços, que então
encontrou, por escritura de 8 de janeiro de 1794, fez doação do terreno e das
benfeitorias existentes a Ordem afim de que fosse concluída pelos irmãos a
mesma capela. Aos 29 de outubro de 1814, em sessão de mesa presidida pelo
ministro e comissário da Ordem, padre Francisco Ignácio da Silveira, foi por
unanimidade deliberado, que se doasse a Matriz o altar que a Ordem tinha na
mesma, com todos os seus ornamentos, para nele serem colocadas às imagens de S.
Pedro e S. Paulo, padroeiros da mesma matriz, que nela existiam sem altar,
visto que dele, não precisavam mais em conseqüência de naquela data já terem
transladado para a capela as imagens de S. Francisco de Assis e de N. S. da
Conceição. Em 30 de outubro de 1832, pelo exmo. Revm.Visitador Soledade, teve a
mesma Ordem permissão para expor com todas as solenidades o Santíssimo
Sacramento em suas festividades, sem dependência de novas provisões e dispensa
de qualquer ônus pelo seu estado de pobreza.”
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