No século XIX, com o crescimento econômico advindo das
atividades portuárias de exportação e importação, viajantes estrangeiros
circularam pela cidade e deixaram relatos escritos e por vezes iconografias,
sendo a de maior destaque a do brummer Hermann Wendroth que retratou o Porto e
outros cenários da cidade no ano de 1852.
Os primeiros fotógrafos se estabeleceram na cidade desde
1848 e passaram a produzir imagens familiares. O daguerriótipo, ferrótipo e
especialmente as “carte de visite”, ajudaram a difundir a fotografia enquanto
fenômeno de perpetuação da memória pessoal através da imagem congelada.
As primeiras fotografias de panoramas urbanos que possuem
uma datação segura são as de 1865, com uma visão geral do centro urbano obtida
de um prédio de três andares e as vistas da chegada de D. Pedro II no mês de
julho de 1865. O Imperador seguia para frente de combate em Uruguaiana, no
contexto da Guerra do Paraguai.
Especialmente a partir
de 1876, as fotografias do urbano passam a se ampliar e retratar as ruas,
praças, prédios e personagens que percorrem os espaços públicos. A imprensa
caricata, intensificada a partir da década de 1880, em especial no jornal O
Bisturi, passa a retratar em bico de pena inúmeros personagens e cenários que
são extremamente relevantes para entender o processo histórico local
oitocentista.
Já nos primórdios do século XX, se destacam os registros
fotográfico do estúdio Fontana criado em 1882. O estúdio deixou um legado de
dezenas de cenários urbanos e ainda compilou em publicação de 1912, antigas
fotografias que remetem a década de 1860-70.
Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século
XX, apesar da proliferação de fotógrafos devido às obras no Porto Novo e Molhes
da Barra, de vistas da cidade inclusive na perspectiva da Intendência Municipal
que busca divulgar obras urbanas, o cartão-postal vai ter um papel fundamental na
preservação visual dos espaços urbanos. Afinal, com a necessidade em obter
novas imagens para um crescente público colecionador ou que utiliza um sistema
de correspondência barato e descomplicado, a cidade será visitada e revisitada,
retocada na prancheta com cores mais vivas ou em preto e branco.
O cartão-postal acaba por fazer aquilo que a fotografia fez
uma marcha muito mais lenta: globalizar imagens e emoções, encurtar as
distâncias do planeta e aproximar as culturas, mesmo que enquanto deleite das civilizações,
de fascínio o distante ou de comodidade em viajar sem nunca ter saído de seu
espaço nativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário