Fotografias de 1927 da região de Tunguska. Acervo: Museu Natural de San Petersburgo. |
Para
as dimensões siderais, 27.700
km é uma distância muito pequena. Um satélite
geoestacionário está a 36.000
km da superfície da Terra. Estes perigosos navegadores
do espaço sideral, os asteroides, são rochas irregulares que, em sua maioria,
orbitam uma região do espaço entre Marte e Júpiter, chamada de Cinturão de
Asteroides. Rochas pequenas são incineradas ao ingressar na atmosfera terrestre
produzindo o efeito visual chamado meteoro. Porém, rochas maiores poderão
chegar até a superfície ou explodirem a uma certa altitude, sendo chamados de
meteoritos.
Nem
sempre eles passaram pelo planeta e seguiram sua órbita. Ao longo da história
geológica da Terra inúmeros choques devem ter ocorrido, como pode ser
evidenciado em algumas cicatrizes na crosta terrestre. Um dos mais famosos é a
cratera de Barringer no Arizona que tem 1.200 metros de
diâmetro e 170 metros
de comprimento, num evento ocorrido há 50 mil anos atrás. Nos tempos do
registro escrito (apenas os últimos 6.000 anos de um total de 4,6 bilhões da
formação da Terra), poucos eventos significativos (de grande amplitude
destrutiva) foram registrados. Um deles é o Evento de Tunguska, ocorrido na
Rússia em 30 de junho de 1908, as 07h17. Conforme uma das teorias, nesta data,
um asteroide de 110 toneladas e 120 metros , entrou na atmosfera terrestre a 54
mil km/h e aqueceu o ar a uma temperatura de 24.000°C. A bola de fogo produzida
liberou a energia de 185 bombas de Hiroshima destruindo 2.000 km de florestas na
região do Rio Tunguska, uma área pouco habitada no centro-norte da Sibéria. Se
o choque com o asteroide ocorresse cinco horas mais tarde, ele se daria sobre a
cidade de São Petersburgo, capital da Rússia, que seria totalmente
destruída.
O
interessante é que quando o olhar dos cientistas estava completamente voltado
para o asteroide que cruzou o planeta no dia 15 de fevereiro, um outro caiu
cerca de 16 horas antes (01:20:26 da madrugada no Brasil) provocando pelo menos
1.100 feridos na Rússia (cidade de Chelyabinsk). Os
ferimentos foram causados pelo efeito de estilhaçamento em vidros e construções
do ‘boom sônico’ gerado pelo seu ingresso e explosão na atmosfera. O objeto que
entrou na atmosfera a cerca de 60 mil km por hora, tinha 17 metros e 10 mil
toneladas de massa, liberando a energia de 500 kilotons ou até quarenta vezes a
bomba de Hiroshima. Os danos causados não foram devido ao choque com o solo mas
dada a sua explosão a cerca de 10
a 15 mil metros de altura.
No
Rio Grande do Sul ocorreu uma queda no dia 16 de agosto de 1937 as 16h30 no
atual município de Putinga (nordeste do Estado) num evento que se tornou
referência para o Brasil. À descrição da queda do objeto feita no relato de testemunhas
lembra muito as imagens feitas no dia 15 na Rússia: uma bola brilhante que
deixava um grande rastro de fumaça seguido de uma forte explosão. Mais de 200 kg de rocha foram
coletados no local e uma parte se encontra em museus.
Recentemente,
foi descoberto na Austrália uma zona de impacto de 200 km diâmetro resultado da
queda de um gigantesco asteroide a 360 milhões de anos. Este foi um objeto de
grande dimensão que deveria ter entre 10 e 20 quilômetros de
largura, o que o torna ainda mais excepcional e letal. O perigo destes objetos
espaciais, apesar de já terem sido catalogados 20 mil dos mais de 500 mil
existentes, está na restrita capacidade de detectá-los até para prever com
antecedência a desocupação de uma área que sofrerá um choque. Esta dificuldade
está relacionada, em sua maioria, ao seu diminuto tamanho e no baixo brilho
emitido. Os asteroides não tem luz própria e são constituídos por pequenas
rochas escuras que ao se aproximarem da Terra são bastante ofuscados pela luz
emitida pelo Sol, além de apresentarem uma rápida velocidade de deslocamento. O
cenário prático para uma detecção mais eficiente será o direcionamento de
vários telescópios orbitais para o rastreamento mais amplo do espaço entre
Marte e a Terra, o que envolverá cifras realmente astronômicas de bilhões de
dólares.
Um asteroide que está na lista dos mais
perigosos, numa lista de quase cinco mil que são monitorados pela NASA, é o
Toutatis, que cruza com o planeta a cada quatro anos e já chegou, no ano de 2004, a uma distância de apenas
4 vezes da Terra a Lua (cerca de 1,5
milhão de km). O detalhe é que ele possui um diâmetro de mais de 4 quilômetros (quase
quarenta vezes o de Tunguska...). Um choque seria um problema de difícil
mensuração... Outro asteroide que será muito comentado no ano de 2029 é o
Apophis (diâmetro de 1,1 km ),
que no mês de abril deste este ano passará a somente 29 mil km da Terra.
Porém, o ingresso não previamente detectado
deste asteroide que caiu recentemente na Rússia, está desencadeando uma grande
discussão sobre as surpresas que o espaço sideral pode reservar aos terráqueos
nas próximas décadas.
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