O cartão-postal do Editor Pitombo Lima mostra
o reservatório escocês da hidráulica Rio-grandense (1876) retratado por volta
de 1930. O reservatório foi tombado pelo IPHAE do Rio Grande do Sul em 2013. O texto abaixo foi extraído do endereço do
IPHAE: http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item=51200
O reservatório
metálico de Rio Grande foi construído no século XIX para resolver o problema do
abastecimento de água na cidade. Não havendo cursos d’água que pudessem ser
represados, a alternativa escolhida foi a captação de água do lençol freático nas
dunas de areia próximas à cidade. Em 1870 foi firmado contrato com o governo da
Província para o estabelecimento da primeira captação e rede de distribuição de
água de Rio Grande. A Companhia Hidráulica Rio-grandense foi instalada
simultâneamente à Companhia Hidráulica Pelotense, tendo como responsável, nos
dois casos, o empresário Hygino Correa Durão. O sistema utilizado em Rio
Grande previa a captação de águas subterrâneas, enquanto em Pelotas o
sistema de captação baseava-se no represamento do arroio Moreira. Os contratos
previam também a instalação de quatro chafarizes em praças das duas cidades. As
obras foram executadas ao mesmo tempo em Rio Grande e Pelotas,
utilizando reservatórios metálicos encomendados à empresa Hannah, Donald &
Wilson, sediada na cidade de Paisley, Escócia. Os projetos das duas caixas
d’água eram muito semelhantes, diferenciando-se em relação ao assentamento das
bases.
São obras
representativas da época da arquitetura do ferro no Brasil. Iniciada no século
XIX, a importação de edificações pré-fabricadas foi um avanço tecnológico
importante para a arquitetura brasileira, possibilitando a montagem e
construção de edificações e depósitos de grande porte em um tempo reduzido. Na
segunda metade do século XIX e no início do século XX ocorreu a importação de
edificações e complementos arquitetônicos de ferro, fabricados nas usinas
europeias, em todo o Brasil. Contudo, não se tem conhecimento de outras caixas
d’água metálicas, exclusivamente destinadas ao abastecimento de água à
população, com dimensões e aspectos construtivos equivalentes às de Rio Grande
e Pelotas.
A fundação destas
companhias hidráulicas refletem também a preocupação com o saneamento urbano,
decorrente das péssimas condições sanitárias das cidades da época e das
frequentes epidemias. Segundo Aline Montagna da Silveira, o aumento da
população e os consequentes problemas de saneamento foram sentidos nas
principais cidades brasileiras a partir da segunda metade do século XIX, e o
abastecimento de água potável começou a ser indicado para evitar a proliferação
de doenças epidêmicas. Neste contexto, as companhias hidráulicas de Porto
Alegre, Pelotas e Rio Grande foram pioneiras no Estado.
Descrição
O Reservatório consiste
em um cilindro de ferro fundido com capacidade para 1.500 m³, altura de quatro
metros e diâmetro aproximado de vinte e seis metros, apoiado em três conjuntos
concêntricos de colunas de ferro. Acima do reservatório há um mirante aberto
com cobertura metálica, acessado por escada central em caracol, que atravessa o
reservatório e desenvolve-se ao redor de uma coluna central. O mirante possui
guarda-corpo vazado com elementos metálicos e cobertura com formas sinuosas.
Circundando o reservatório existe uma cisterna circular enterrada e uma
edificação térrea de apoio à Hidráulica, que posteriormente sediou o Museu das
Águas, apresentando cobertura em telhas cerâmicas tipo capa-e-canal.
Além do
reservatório metálico e da edificação circular de alvenaria, destacam-se no
interior do terreno duas edificações art-déco, provavelmente da
década de 1940 ou 1950, denominados Prédio da Oficina e Prédio da
Administração, que ainda mantém características marcantes deste estilo, como os
volumes geometrizados e simplificados, os frisos verticais e horizontais que
marcam os vãos e arrematam as platibandas.
Cronologia do Reservatório
metálico de Rio Grande:
1870 – Contrato firmado entre o governo da
Província e a empresa de Hygino Corrêa Durão e João Frick para o
estabelecimento da primeira captação e rede de distribuição de água de Rio
Grande
1872 - Início das obras em Rio Grande
1874 - Concluída galeria de filtração,
reservatório circular (cisterna) e as bases das 45 colunas do reservatório
elevado.
1875 – Concluídas as obras de alvenaria, do
manancial de água e do encanamento geral da cidade. Foram instalados dois
chafarizes em praças da cidade (ainda faltavam os outros dois). O reservatório
ainda não havia sido instalado.
1876 – Data de fabricação, que consta na placa
afixada à coluna central do reservatório de Rio Grande. Foi
fabricado na usina Abbey Works, dos fabricantes Hanna, Donald e Wilson,
estabelecidos em Paisley, Escócia.
1877 – Entrega final das obras da Hidráulica
Rio-grandense.
2002 – Inaugurado Museu das Águas, instalado no
prédio circular em torno do reservatório, para preservar a memória do
saneamento no Estado. Atualmente está desativado.
2010 – Encerramento das atividades do reservatório.
2012 – Abertura do processo de tombamento estadual, por
solicitação da Corsan.
2013 – Tombamento em nível estadual pelo IPHAE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário