Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

RESERVATÓRIO DA HIDRÁULICA




O cartão-postal do Editor Pitombo Lima mostra o reservatório escocês da hidráulica Rio-grandense (1876) retratado por volta de 1930. O reservatório foi tombado pelo IPHAE do Rio Grande do Sul em 2013.  O texto abaixo foi extraído do endereço do IPHAE:  http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item=51200

O reservatório metálico de Rio Grande foi construído no século XIX para resolver o problema do abastecimento de água na cidade. Não havendo cursos d’água que pudessem ser represados, a alternativa escolhida foi a captação de água do lençol freático nas dunas de areia próximas à cidade. Em 1870 foi firmado contrato com o governo da Província para o estabelecimento da primeira captação e rede de distribuição de água de Rio Grande. A Companhia Hidráulica Rio-grandense foi instalada simultâneamente à Companhia Hidráulica Pelotense, tendo como responsável, nos dois casos, o empresário Hygino Correa Durão. O sistema utilizado em Rio Grande previa a captação de águas subterrâneas, enquanto em Pelotas o sistema de captação baseava-se no represamento do arroio Moreira. Os contratos previam também a instalação de quatro chafarizes em praças das duas cidades. As obras foram executadas ao mesmo tempo em Rio Grande e Pelotas, utilizando reservatórios metálicos encomendados à empresa Hannah, Donald & Wilson, sediada na cidade de Paisley, Escócia. Os projetos das duas caixas d’água eram muito semelhantes, diferenciando-se em relação ao assentamento das bases.
São obras representativas da época da arquitetura do ferro no Brasil. Iniciada no século XIX, a importação de edificações pré-fabricadas foi um avanço tecnológico importante para a arquitetura brasileira, possibilitando a montagem e construção de edificações e depósitos de grande porte em um tempo reduzido. Na segunda metade do século XIX e no início do século XX ocorreu a importação de edificações e complementos arquitetônicos de ferro, fabricados nas usinas europeias, em todo o Brasil. Contudo, não se tem conhecimento de outras caixas d’água metálicas, exclusivamente destinadas ao abastecimento de água à população, com dimensões e aspectos construtivos equivalentes às de Rio Grande e Pelotas.
A fundação destas companhias hidráulicas refletem também a preocupação com o saneamento urbano, decorrente das péssimas condições sanitárias das cidades da época e das frequentes epidemias. Segundo Aline Montagna da Silveira, o aumento da população e os consequentes problemas de saneamento foram sentidos nas principais cidades brasileiras a partir da segunda metade do século XIX, e o abastecimento de água potável começou a ser indicado para evitar a proliferação de doenças epidêmicas. Neste contexto, as companhias hidráulicas de Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande foram pioneiras no Estado.

Descrição
O Reservatório consiste em um cilindro de ferro fundido com capacidade para 1.500 m³, altura de quatro metros e diâmetro aproximado de vinte e seis metros, apoiado em três conjuntos concêntricos de colunas de ferro. Acima do reservatório há um mirante aberto com cobertura metálica, acessado por escada central em caracol, que atravessa o reservatório e desenvolve-se ao redor de uma coluna central. O mirante possui guarda-corpo vazado com elementos metálicos e cobertura com formas sinuosas. Circundando o reservatório existe uma cisterna circular enterrada e uma edificação térrea de apoio à Hidráulica, que posteriormente sediou o Museu das Águas, apresentando cobertura em telhas cerâmicas tipo capa-e-canal.
Além do reservatório metálico e da edificação circular de alvenaria, destacam-se no interior do terreno duas edificações art-déco, provavelmente da década de 1940 ou 1950, denominados Prédio da Oficina e Prédio da Administração, que ainda mantém características marcantes deste estilo, como os volumes geometrizados e simplificados, os frisos verticais e horizontais que marcam os vãos e arrematam as platibandas. 

Cronologia do Reservatório metálico de Rio Grande:

1870 – Contrato firmado entre o governo da Província e a empresa de Hygino Corrêa Durão e João Frick para o estabelecimento da primeira captação e rede de distribuição de água de Rio Grande

1872 - Início das obras em Rio Grande

1874 - Concluída galeria de filtração, reservatório circular (cisterna) e as bases das 45 colunas do reservatório elevado.

1875 – Concluídas as obras de alvenaria, do manancial de água e do encanamento geral da cidade. Foram instalados dois chafarizes em praças da cidade (ainda faltavam os outros dois). O reservatório ainda não havia sido instalado.

1876 – Data de fabricação, que consta na placa afixada à coluna central do reservatório de Rio Grande.  Foi fabricado na usina Abbey Works, dos fabricantes Hanna, Donald e Wilson, estabelecidos em Paisley, Escócia.

1877 – Entrega final das obras da Hidráulica Rio-grandense.

2002 – Inaugurado Museu das Águas, instalado no prédio circular em torno do reservatório, para preservar a memória do saneamento no Estado. Atualmente está desativado.

2010 – Encerramento das atividades do reservatório.

2012 – Abertura do processo de tombamento estadual, por solicitação da Corsan.

2013 – Tombamento em nível estadual pelo IPHAE.


Nenhum comentário:

Postar um comentário