Casa na Ilha do Ladino. Fotografia por volta de 1900-1908. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Onde fica o fim do mundo? É um lugar físico ou psicológico? É um lugar distante ou tão próximo que se torna relutante aceitá-lo e visitá-lo?
Rio Grande era uma cidade cercada pelo fim do mundo! Um centro urbano cercado pelas forças físicas e psíquicas da natureza e da mente: situado na Cidade Antiga espremida entre Trincheiras de defesa militar na atual imediação do Canalete da Major Carlos Pinto; o Oceano Atlântico na costa da Mangueira; a perigosa e diabólica Barra do Rio Grande e seu cemitério de navios; o litoral da Lagoa dos Patos e os cais trêmulos do Porto Velho; os pântanos, que dariam inspiração até em Conan Doyle para amedrontar ainda mais no seu livro "Os Cães de Barkerville".
Onde estaria o fim do mundo? A Leste, Oeste, Norte ou Sul? Ou em todos os lugares onde o olhar era lançado?
Na água doce lagunar? na água salgada atlântica? nas montanhas voadoras de areia da Cidade Nova? ou nos pântanos?
Um destes lugares onde o mundo termina - ou talvez tenha início -, é nesta solitária casa registrada pela fotografia. O lugar é a Ilha do Ladino, nos lendários pântanos onde foi construído o Porto Novo e os Bairros do Cedro e Santa Teresa.
A solidão dava aos seus moradores, reais ou fantasmorias, uma visão privilegiada da Barra do Rio Grande e de São José do Norte.
Que fotógrafo foi atraído pela casa para retratar a bucólica cena? Sentiu-se atraído pelos olhos solitários das janelas da casa? Pelo registro técnico de um pedaço de uma lenda que estava prestes a ser deletada para o surgimento do moderno Porto Novo?
Se ali foi o fim do mundo em pouco tempo se tornou o começo do mundo que se interligava com o comércio marítimo internacional.
A casa se foi, o porto nasceu e a imaginação persiste e se alimenta das experiências no tempo. Onde estão as lápides de seus moradores?
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