Na fotografia, uma vista do Porto Velho do Rio Grande em 1909, na lente
do Atelier Fontana. Neste período a cidade vivenciou um grande incremento
populacional frente ao desenvolvimento comercial e industrial. Entre 1900 e
1918, a cidade passaria de 30 mil para 44 mil habitantes.
Em primeiro plano são identificados navios a vela próximos ao cais. O cais do Porto Velho acompanhou a silhueta
do centro da cidade desde os primórdios do século 19. Foi um cartão de visitas retratado
por Jean Debret em 1823, por Hermann Wendroth em 1852 ou em diversas
fotografias tiradas a partir de 1865. Esta foi à primeira visão do Rio Grande do
Sul para os viajantes estrangeiros, aos imigrantes em busca de uma nova vida
ligada a terra e ao trabalho ou frente ao olhar dos escravos negros que eram
desembarcados em seu cais, rumando para diferentes localidades gaúchas. Entre
1872-1876 o cais sofreu uma reforma e ampliação para comportar o movimento de
cargas. Na década de 1920 foram construídos os armazéns junto ao Porto Velho. O
centro urbano ligado as atuais ruas Riachuelo e Marechal Floriano
dinamizaram-se em estreito vínculo com a existência deste universo portuário.
Com a construção do Porto
Novo, a maioria do trafego marítimo se deslocou para a nova estrutura portuária
inaugurada em 1915 e o Porto Velho se restringiu a receber embarcações com
menor calado.
No conjunto arquitetônico
junto a rua Riachuelo, no canto esquerdo, se destaca o prédio da Alfândega
construído entre 1869 e 1874. Grande parte das fotografias de paisagem do
centro da cidade foi obtida de sua torre principal junto a Lagoa dos Patos.
No canto direito central está uma casa em tom
claro que é a Câmara do Comércio (prédio demolido e em cuja área foi edificado
o atual prédio desta Associação).
Na rua Riachuelo, o casario em
estilo colonial, neoclássico e eclético está em seus melhores momentos, mas não
por muito tempo. O comércio de exportação e importação, relevante desde a
década de 1820, entrou em crise nas décadas de 1920-30-40 provocando a gradual
decadência das antigas estruturas materiais sediadas na rua Riachuelo.
Abandono, demolições, modificações nas fachadas e especulação imobiliária
comprometeram parte considerável de um dos mais importantes espaços
urbano-comerciais do Rio Grande do Sul.
Porto Velho. Fontana. Acervo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. |
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