Anthony's Photographic Bulletin, Volume XXV, 1894" published by E. & H.T. Anthony & Co. |
Há cento e setenta anos, um fotógrafo norte-americano
prestou seus serviços profissionais em Rio Grande. No final da década de 1850,
era o proprietário do maior estabelecimento fotográfico dos Estados Unidos. Esteve,
com interrupções, por cerca de três meses em Rio Grande, com estúdio na rua da
Boa Vista (atual Riachuelo). Desconheço registros desta passagem pela cidade e
a sobrevivência de algum dos daguerriótipos que ele aqui realizou. Dada a
relevância deste fotógrafo, é reproduzido a seguir o texto da “enciclopédia itaucultural” referente ao tema:
“Charles De Forest Fredricks (Estados Unidos, 1823
- New Jersey, Estados Unidos, 1894). Fotógrafo. Aprende, em 1843, em Nova York,
a daguerreotipia com Jeremiah Gurney (1812-1895), um dos profissionais
americanos mais populares dos primeiros anos da fotografia. No mesmo ano, vai
para a Venezuela encontrar um irmão. Leva seu daguerreótipo e inicia as
atividades profissionais. Retorna aos Estados Unidos para comprar mais
material, e, entre 1844 e 1853, inicia viagens para a América do Sul, com
breves retornos aos Estados Unidos. Em 1844, está no norte do Brasil. Em 1846,
tem um ateliê em Belém, lugar em que exerce o ofício de ourives. Permanece uma
temporada em São Luís. Em 1847, está em Recife. Em 1848, em Salvador,
estabelece sociedade com Alexander B. Weeks. Passa a assinar Carlos D.
Fredricks. Nesse ano, vai ao Rio Grande do Sul e a Buenos Aires, junto de
outros sócios, o francês Georges Penabert (18?-19?) e Masoni.Visita também o
Uruguai. Em 1850 volta para o Recife com o irmão. No ano seguinte, associa-se
novamente a Weeks. Ainda em 1851, vindo dos Estados Unidos, está de volta ao
Recife, operando o daguerreótipo e o eletrotipo. Em 1852, sozinho, retorna a
Buenos Aires. Em 1853, vai para Paris, onde aprende o processo de colódio
úmido, que substitui o daguerreótipo. De volta aos Estados Unidos, firma, entre
1855 e 1856, sociedade com Jeremiah Gurney, seu antigo professor, a quem ensina
o novo processo. Em 1856, abre em Nova York seu próprio negócio, o Fredricks
Temple of Art, que se torna o maior estúdio fotográfico dos Estados Unidos. Não
retorna mais à América Latina.
Charles D. Fredricks é um dos pioneiros da
fotografia no Brasil dos quais se conhecem imagens com autoria identificada.
Ingressando aos 20 anos na daguerreotipia (primeiro processo fotográfico
comercialmente bem-sucedido), investe em uma trajetória comum para
profissionais em começo de carreira, tornando-se fotógrafo itinerante. Com as
viagens, busca, em primeiro lugar, "imagens exóticas" de lugares distantes
para um catálogo de vendas, grande atração para clientes do século XIX. Em
segundo lugar, busca a clientela de lugares não ocupados pela concorrência de
outros daguerreotipistas para sobrevivência e acumulação de capital. Esse é o
caso de Nova York, cidade onde Fredricks inicialmente trabalha, e que, nos anos
1840, torna-se um dos maiores polos consumidores da daguerreotipia no mundo.
Embora tenha sobrado pouco da produção
brasileira de Friedricks, sabe-se que percorre o Brasil de norte a sul, via litoral,
produzindo retratos e vistas. Aqueles que restam, em coleções brasileiras ou
norte-americanas, permitem entender por que Fredricks se torna, após o retorno
definitivo aos Estados Unidos, o retratista mais famoso do país. Dedica grande
esmero a suas imagens, empenhando-se em manter a qualidade dos primeiros
daguerreótipos, somada a uma rica ornamentação, fruto de sua atuação também em
ourivesaria” (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21621/charles-de-forest-fredricks).
Daguerriótipo: VISTA do Recife Tirada do Farol (Recife, PE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019 |
Dagueriótipo: PONTE da Boa Vista e o Início da Rua da Imperatriz (Recife, PE). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. |
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