Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 24 de junho de 2019

O MERCANTIL DO RIO GRANDE


A imprensa em Rio Grande teve início há 187 anos com “O Noticiador”. Ao longo deste tempo ela foi variada em gêneros e inúmeros jornais foram publicados e o que restou no presente são coleções parciais. Muitos títulos se reduzem há poucos números ou somente ao nome de um jornal que não restou nenhum exemplar. O acervo que sobreviveu ao tempo e aos descuidos humanos de preservação das fontes do passado possibilita acompanhar os processos civilizatórios ocorrido em tempos pretéritos. Estes fragmentos são instigadores para à pesquisa histórica e para à busca de informações e interpretações das sociedades que legaram o presente.
Entre estes jornais de coleções parciais está “O Mercantil do Rio Grande”. Segundo Abeillard Barreto no livro “Primórdios da Imprensa no Rio Grande do Sul” o editor era Sabino Antonio de Sousa Niteroi que teve experiência anterior com o jornal “Folha Mercantil”.  O gênero era de uma folha comercial voltada aos interesses dos comerciantes e das atividades econômicas ligadas ao Porto do Rio Grande e suas conexões marítimas. O estilo era crítico-opinativo com ferrenhos e passionais ataques ao movimento farroupilha. A tipografia era própria e as instalações ficavam na Praça São Pedro d’Alcântara. Os exemplares disponíveis e descontínuos temporalmente são do período de 1835 a 1840.
O jornal combate os farroupilhas que são taxados de “rebeldes” e defende o governo Imperial centralizado no Rio de Janeiro. Reflete os interesses locais de manutenção das relações harmoniosas com o centro do país em detrimentos de cisões que levassem a ruptura política e a influência da órbita do prata no Rio Grande do Sul. Desde 1836, com a proclamação da República Rio-Grandense, a Província vivia uma luta fratricida entre imperiais e farroupilhas, com a existência de um “país” independente (não reconhecido internacionalmente) que fazia frente ao Império Brasileiro. Na documentação farroupilha, os brasileiros passam a ser chamados de “estrangeiros” em contraposição ao novo projeto dos “cidadãos rio-grandenses”. “O Mercantil do Rio Grande” faz ardoroso ataque as lideranças e ao ideário liberal-radical dos farroupilhas e uma reverência às ações dos chefes políticos e militares imperiais que defendiam “o Império da Lei e da Ordem”.
É mais uma das contribuições da imprensa produzida na cidade do Rio Grande que possibilita ampliar os conhecimentos sobre a história rio-grandense e brasileira.

Ilustração: O Mercantil do Rio Grande no ano de 1840. Acervo: Museu de Comunicação Social Hipólito da Costa.







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