Sociedade União Operária por volta de 1910. Estúdio Fontana. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Atividade na Sociedade União Operária em 01-12-1908. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
Na véspera do “Dia do Trabalho” é relevante
recordar a marcante presença de operários, a partir da segunda metade do século
XIX, em Rio Grande. Um pesquisador desta temática, Benito Bisso Schimdt
contribui para caracterizar o movimento operário local o papel da Sociedade União
Operária.
Conforme Benito Schmidt no artigo “A Diretora
dos Espíritos da Classe: a “Sociedade União Operária” de Rio Grande
(1893-1911). Cad. AEL, v.6, n.10/11, 1999”, Rio Grande foi uma das primeiras
cidades gaúchas a apresentar as marcas da sociedade urbano-industrial.
Sobretudo nos primeiros anos, após a proclamação da República, desenvolveram-se
no município indústrias de tecidos, charutos e conservas alimentícias, com
consideráveis índices de capital investido e mão-de-obra empregada. Sendo o
principal porto do estado, procurava alcançar o mercado nacional com poucos produtos,
em torno dos quais concentrava o poder competitivo de suas empresas. Este
processo foi percebido por muitos daqueles que o vivenciaram. Pedro Dantas, por
exemplo, colaborador do jornal socialista Democracia Social, da vizinha Pelotas,
assim descrevia a paisagem rio-grandina em 1893: “para todos os lados que se
virar os olhos depara-se com um enorme cano de fábrica como que recortando os
rolos de nuvens que passam pelo ar” (10-12-1893). Concomitantemente à
industrialização ocorreu a formação de um proletariado urbano. É difícil
precisar a população operária naquele momento, contudo algumas aproximações são
possíveis. Segundo o jornal A Patria, Rio Grande tinha uma população de 20.277
pessoas em 1883. Já em 1897, o Echo Operario calculava serem ao redor de 8.000
a 10.000 aqueles que viviam de seu próprio trabalho, incluindo os donos de
oficinas e artesãos autônomos.
Segundo Benito Schmidt, Rio Grande
destacou-se também como um dos principais núcleos do movimento operário do
estado, cujas manifestações fizeram-se sentir desde as últimas décadas do
século passado: jornais, associações, greves, meetings, comemorações do 1º de
maio, entre outras atividades, despontaram na cidade ao longo da I República. A
primeira tentativa de organizar o proletariado de Rio Grande ocorreu com a Liga
Operária (1892) que teve duração efêmera. No final de 1893 um grupo de
operários convocou uma reunião para organizar uma sociedade voltada aos anseios
do proletariado. O resultado foi à criação da União Operária que foi fundada em
24 de dezembro, mas, instalada oficialmente no dia 1° de maio de 1894, data em
que pela primeira vez foi comemorado o Dia do Trabalho na cidade.
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