Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A ILHA DOS MARINHEIROS


A Ilha dos Marinheiros atraiu a atenção das autoridades portuguesas desde o esboço das primeiras plantas em 1737. Em 1739, a Ilha foi dividida pelo comandante do Rio Grande André Ribeiro Coutinho em três sesmarias pertencentes a Antônio dos Anjos, Antônio Araújo Vilella e Antônio Pereira de Farias, que deveriam conter a derrubada indiscriminada da mata nativa. Porém, em 1744, a propriedade da Ilha foi alterada, passando para Marçal da Silva Veiga. Em Rio Grande, na indisponibilidade de material de pedra, as fortificações e residências acabavam sendo construídas com madeira, arbustos e lama. A restrita disponibilidade de madeira em Rio Grande fez com que as autoridades buscassem na mata nativa da Ilha dos Marinheiros o suprimento necessário, inclusive para a população sobreviver as baixas temperaturas do inverno. Não causa estranheza que um mapa de 1737 de autoria de Silva Paes, assinala a presença da Ilha na cartografia lusitana da época (denominada de Ilha do Marinheyro). Uma embarcação era destacada para conduzir soldados que retirariam madeira e trariam para o consumo em Rio Grande. Além da madeira, a qualidade da água da Ilha passou a ser apreciada pela população da Vila do Rio Grande. Com a invasão espanhola na Vila, a exploração de madeira pode ter se intensificado.
No século 18 e 19, a Ilha dos Marinheiros era constituída por uma extensa planície arenosa com pequenas elevações, apresentando vegetação rasteira e capões de mato. Atualmente é constituída por uma grande planície arenosa e extensos cordões de dunas em sua parte interior. A cobertura vegetal ficou bastante reduzida e as dunas chegaram a 10 metros de altura invadindo áreas agriculturáveis desde a década de 1930. Antes de uma ocupação humana mais intensificada, a Ilha foi descrita no jornal Diário do Rio Grande em 1853 como um espaço paradisíaco que precisava ser conhecido pelos moradores da então Vila do Rio Grande de São Pedro. O grande desafio em meados do século 19 era o de ligar a Ilha com a cidade através de uma ponte. As discussões e a cotização financeira acabaram não se realizando antes do final do século 20.
Nos últimos anos a Ilha tem sido redescoberta pela população com o surgimento de locais de gastronomia portuguesa e de frutos do mar, camping, lazer e trilha ecológica, nas proximidades do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (Porto do Rei) ou em outros locais da Ilha. Uma alternativa que tem se consolidado de veraneio/turismo voltado a “água doce” junto a Lagoa das Noivas ou nas margens da Lagoa dos Patos.  





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