A Ilha dos Marinheiros atraiu a atenção das
autoridades portuguesas desde o esboço das primeiras plantas em 1737. Em 1739,
a Ilha foi dividida pelo comandante do Rio Grande André Ribeiro Coutinho em
três sesmarias pertencentes a Antônio dos Anjos, Antônio Araújo Vilella e
Antônio Pereira de Farias, que deveriam conter a derrubada indiscriminada da
mata nativa. Porém, em 1744, a propriedade da Ilha foi alterada, passando para
Marçal da Silva Veiga. Em Rio Grande, na indisponibilidade de material de
pedra, as fortificações e residências acabavam sendo construídas com madeira,
arbustos e lama. A restrita disponibilidade de madeira em Rio Grande fez com
que as autoridades buscassem na mata nativa da Ilha dos Marinheiros o
suprimento necessário, inclusive para a população sobreviver as baixas temperaturas
do inverno. Não causa estranheza que um mapa de 1737 de autoria de Silva Paes,
assinala a presença da Ilha na cartografia lusitana da época (denominada de
Ilha do Marinheyro). Uma embarcação era destacada para conduzir soldados que
retirariam madeira e trariam para o consumo em Rio Grande. Além da madeira, a
qualidade da água da Ilha passou a ser apreciada pela população da Vila do Rio
Grande. Com a invasão espanhola na Vila, a exploração de madeira pode ter se
intensificado.
No século 18 e 19, a Ilha dos Marinheiros era
constituída por uma extensa planície arenosa com pequenas elevações,
apresentando vegetação rasteira e capões de mato. Atualmente é constituída por
uma grande planície arenosa e extensos cordões de dunas em sua parte interior.
A cobertura vegetal ficou bastante reduzida e as dunas chegaram a 10 metros de
altura invadindo áreas agriculturáveis desde a década de 1930. Antes de uma
ocupação humana mais intensificada, a Ilha foi descrita no jornal Diário do
Rio Grande em 1853 como um espaço paradisíaco que precisava ser conhecido
pelos moradores da então Vila do Rio Grande de São Pedro. O grande desafio em
meados do século 19 era o de ligar a Ilha com a cidade através de uma ponte. As
discussões e a cotização financeira acabaram não se realizando antes do final
do século 20.
Nos últimos
anos a Ilha tem sido redescoberta pela população com o surgimento de locais de
gastronomia portuguesa e de frutos do mar, camping, lazer e trilha ecológica,
nas proximidades do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes (Porto do Rei) ou em
outros locais da Ilha. Uma alternativa que tem se consolidado de veraneio/turismo
voltado a “água doce” junto a Lagoa das Noivas ou nas margens da Lagoa dos
Patos.
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