Nos
primórdios do século XIX a França de Napoleão Bonaparte estabelece uma aliança
com a Espanha para fazer frente à Inglaterra, a maior potência mundial da
época. Uma ocupação do Vice-Reinado do Prata, a partir do controle de Buenos
Aires, poderia garantir aos ingleses o controle do Rio da Prata e das rotas de
comércio e de exploração de prata nas minas de Potosi.
Dois
destacados nomes da graphic novel italiana se voltaram a esta conjuntura
histórica de enfrentamento entre a poderosa marinha inglesa e os moradores de
Buenos Aires e seu espírito telúrico que se converteria num nacionalismo que
tomaria forma enquanto nação ao longo do século XIX e especialmente, após a
Guerra do Paraguai.
O
roteirista Hugo Pratt e o desenhista Milo Manara criaram um clássico dos
quadrinhos voltados à formação platina e denominaram o romance gráfico de “El
Gaucho”. A luta pela independência de
Buenos Aires é contada a partir de tramas de poder, traições, confronto entre a
vida rural e o urbano, processo civilizatório e conflito com povos indígenas.
Neste cenário as memórias de um velho indígena são contadas e misturam sua
trajetória de europeu que muitas décadas antes foi viver com as populações de pampianos
que vivem/sobrevivem ao contato com as frentes de expansão luso-espanholas
nestas áreas entre o Rio Grande do Sul, Colônia do Sacramento, Montevidéu e
Buenos Aires. Cenários de construção de identidades ligados ao pampa e os
interesses europeus no Rio da Prata são trabalhados com uma imaginação balizada
por eventos históricos.
Como
é marca registrada de Milo Manara, fortes doses de erotismo/explícito estão
presentes na obra que a demarca como voltada a um público adulto. Edições em
italiano e espanhol tiveram boa aceitação entre os leitores. O livro foi
publicado no Brasil pela Editora Conrad de São Paulo em 2006. A primeira edição
inglesa é de 1991.
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