PRAÇA JÚLIO DE CASTILHOS
Praça Júlio de Castilhos por volta de 1930. |
Conforme Antenor Monteiro em sua coluna Rebuscos (Jornal Rio Grande) a Praça
Júlio de Castilhos já foi denominada de Praça do Largo da Quitanda, São Pedro
de Alcântara, São Pedro e Largo do Teatro (em referência a localizar-se nas
imediações do Teatro Sete de Setembro). Em documento da Câmara Municipal de 27
de março de 1824, o juiz almotacé propõe a abertura da “travessa da Alfândega
(atual rua Andradas) até o campo e fazer
uma praça no fim das ruas do Pito (rua República do Líbano) e do Fogo (rua Luiz
Loréa).” Outra referência sobre o surgimento da praça foi feita em 6 de outubro
de 1827, quando a Câmara pede ao Comandante da Vila do Rio Grande de São Pedro
para continuar a mandar prisioneiros para a terraplanagem da Praça São Pedro,
onde acordaram fundar a Casa da Câmara e a Cadeia. Na planta da Vila do Rio
Grande de São Pedro do ano de 1829 foi feita a seguinte referência: “A Praça S.
Pedro criada pelo Meritíssimo Juiz de Fora, desta Vila, Agostinho Moreira
Guerra, em 1828, que depois desta planta feita se soube”. Portanto, as
primeiras iniciativas para o surgimento da Praça recuam a 1824 e a sua
oficialização a 1828. A Praça também não tem relação com a Igreja Matriz de São
Pedro ou com o Largo Dr. Pio.
Conforme
o Código de Posturas de 17 de dezembro de 1836, a Praça era um espaço para a
venda de verduras, frutas e produtos oriundos das localidades vizinhas como o
Povo Novo e que chegavam de carretas a cidade do Rio Grande. Esta prática
começou a ser oficialmente questionada em 1855, pelos vereadores Eufrásio Lopes
de Araújo e Miguel Tito Sá, os quais argumentam que “não convinha que aí
estacionassem as carretas que vinham do Povo Novo pelo abuso de conservarem
soltos os animais que as puxavam”. Além deste espaço para a uma espécie de
Feira Livre a praça também teve a função essencial para o centro urbano ligado
a coleta de água. A Câmara em sessão de 10 de julho de 1834 resolveu utilizar
pedras e tijolos que haviam “sobrado dos poços do Moinho de Vento e manda
construir um Poço na São Pedro”. Posteriormente, a Companhia Hidráulica que em
1874 importou da França os chafarizes colocados nas praças da cidade
construiu no lugar do poço uma coluna de ferro com torneiras laterais. No alto
desta coluna de ferro ficava a Vênus no Banho, estátua que é a mais antiga da
cidade em espaço público e que se encontra pelo menos desde a década de 1910 na
Praça Tamandaré.
A
arborização da Praça recua a 1878 aí também funcionou o Circo de Cavalinhos
(assim como no Largo Dr. Pio) e nas proximidades do Teatro Sete de Setembro
existiu um Tambo onde se vendia leite diretamente a população. Nesta área um
comerciante proprietário da loja de fazendas Ao Torrador, Pedro Lourenço
de Oliveira, o Pedro Torrador, obteve a concessão para edificar aí um Mercado,
concessão que foi anulada em 1890.
Fotografia da praça por volta de 1925. Relatório da Prefeitura Municipal do Rio Grande. |
O nome
de Praça Júlio de Castilhos foi dado pelo Decreto Municipal n. 16, de 15 de
novembro de 1894, em homenagem da Intendência Municipal a Júlio Prates de
Castilhos, chefe do Partido Republicano Rio-Grandense. O busto em bronze que foi edificado a mando da Intendência Municipal é obra do
escultor Décio Vilares e o pedestal foi feito na Escola de Engenharia de Porto
Alegre sendo originalmente colocado na Praça Marques do Herval em 21 de abril
de 1918. Em 1925, com a remodelação da Praça Júlio de Castilhos, o monumento
foi para ela transferido. Na época ficou próximo a um dos grandes centros de
fluxo urbano que era o Teatro Sete de Setembro (1832), onde poderia ser visto pelos
populares.
PRAÇA SETE DE SETEMBRO
Cartão-postal da praça Sete de Setembro. Foto-postal Colombo. Meados dos anos 1950. |
Este é o
mais antigo espaço público e urbano da formação luso-brasileira no Rio Grande
do Sul por estar situada nas imediações do Forte Jesus-Maria-José a qual é a
mais antiga fortificação que de forma sistemática buscou fixar a presença
portuguesa no extremo Sul do Brasil. Com o surgimento do Forte em fevereiro de 1737,
surgiu uma cacimba para captação de água próxima a face com a atual rua
República do Líbano. Em mapa da Vila do Rio Grande de 1829 esta área é chamada
de Praça do Poço. O poço foi encontrado quando de escavações arqueológicas realizadas pela equipe do prof. Pedro Mentz Ribeiro na década de 1990. Anteriormente teve os nomes de Largo do Forte, Largo do Poço
e Lago da Conceição em referência a Igreja da Conceição que foi inaugurada em
dezembro de 1874. Oficialmente, pela Resolução de 31 de julho de 1858 a Câmara
Municipal em homenagem a Independência do Brasil lhe da à denominação de Praça
Sete de Setembro. Neste local, nas décadas de 1850-60, se realizavam as comemorações do dia máximo da Pátria.
A Câmara
Municipal manda plantar em 1854 álamos e figueiras no “Largo do Poço”. Não
dando bons resultados, em 1858 são plantados umbus. Em 1874, a Companhia
Hidráulica instala neste local o seu primeiro chafariz trazido da França e construído na Fundição Durrene. O chafariz foi removido na década de 1910.
Em 1883, somente a
face norte estava calçada sendo as outras faces “verdadeiros charcos” como
afirmou um vereador. Este calçamento, ainda existente, é um dos mais antigos da
cidade junto com o da rua Luiz Loréa que desemboca na Praça devendo remontar as
décadas de 1860-70. Em 1884, foi apresentado à Câmara um projeto de aterro,
calçamento e arborização. Em 1887, foi organizada uma comissão para angariar
donativos para o ajardinamento da Praça Sete de Setembro e também da Praça São
Pedro. O calçamento das três ruas no padrão “lisboeta” foi realizado em 1925.
Neste mesmo ano, a 10 de fevereiro por iniciativa de uma Comissão de
Conselheiros da cidade, foi inaugurado o monumento do Barão do Rio Branco. O
bronze foi feito em Porto Alegre pela firma H. Brachsler & Filhos e o
pedestal por Cardório & de Angeli.
Cartão-postal da Praça Sete de Sembro por volta de 1940. |
Ao lado do Forte de
Santana do Estreito foi nesta praça e em seu entorno é que surgiram as
primeiras modalidades urbanas e sociabilidades da nascente formação
luso-brasileira, a capela do Forte Jesus-Maria-José desenvolveu as primeiras
práticas religiosas e registros paroquiais em 1737. Posteriormente, nas décadas
seguintes é que surgirá a rua Direita (atual Bacelar) e a rua da Praia (atual
Marechal Floriano) redirecionando o fluxo urbano. A revitalização da Praça Sete
de Setembro permitiria contar uma parte da história luso-brasileira no Rio
Grande do Sul.
Velódromo (corrida de bicicletas) na praça Sete de Setembro. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
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