Porto do Rio Grande em 1908

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domingo, 29 de julho de 2018

MEMÓRIA & HISTÓRIA: 20 ANOS



A coluna Memória & História do Jornal Agora está completando 20 anos! A primeira matéria foi publicada no dia 2 de agosto de 1998 e tinha o título de “Um Brummer na Cidade do Rio Grande” (a passagem de um militar alemão na década de 1820). Pelo meu registro, foram publicadas 790 matérias.
A proposta da coluna é evidenciar que os processos históricos são constituídos por memórias - fragmentos do acontecer, a serem dilapidados e interpretados buscando sistematizações mais amplas. Nestas duas décadas inúmeros temas foram tratados mas a está ênfase na história do município do Rio Grande. Não se pode esquecer que a história local está inserida -com diferentes intensidades- em histórias mais amplas e que numa cidade portuária, a dinâmica do acontecer da história regional, nacional e internacional se faz sentir de forma mais contundente!
As matérias foram escritas com o intuito de divulgar o conhecimento local e a perspectiva de que as experiências humanas devem ser questionadas com o intuito de promover a reflexão dos projetos civilizatórios. O material produzido sempre teve o objetivo de dialogar com os leitores do jornal Agora e ser um material paradidático de apoio à rede escolar.
Portanto, as visitas ao passado tiveram o intuito de refletir sobre os processos históricos e as historicidades da cidade mais antiga do Rio Grande do Sul. Abordando temáticas referentes  as populações indígenas, história colonial, imperial e republicana, pudemos navegar pelos documentos, iconografias e historiografia dos séculos passados. Em especial, nos voltamos “as gentes” que compuseram a paisagem, as relações sociais e políticas elas construídas e as materialidades que edificaram. Nunca esquecendo que a cidade é um grande espaço de memória para propicia a elaboração de histórias...
Um piloto para a construção da coluna foi publicado em 19 de fevereiro de 1998 com o título “Visões do Rio Grande”. O amadurecimento da ideia em divulgar a história local levou a criação da coluna no mês de agosto e o tempo passou ou as nossas experiências preencheram o tempo...
Vinte anos é um período de curta duração para a temporalidade histórica mas de longa duração para quem escreve semanalmente. É um desafio a ser enfrentado a cada semana e que exige a superação criadora vencendo a fadiga do trabalho semanal na Universidade Federal do Rio Grande.   
Parafraseando a afirmativa de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, posso dizer que o Memória & História, ao longo de duas décadas, ajudou a ampliar a noção de superação e de instigação de “alma investigativa”. A ritualização semanal da escrita contribuiu para a ampliação dos horizontes da investigação do passado com os pés no presente. Visitar o passado, com os olhos do presente e para pessoas de tempos diversos: a historicidade do tempo é a unidade das multifacetadas experiências históricas de gerações que navegam no tempo presente!  
As memórias enquanto fragmentos dispersos de um tempo que passou é o nosso objeto multifacetado a ser visitado e interrogado! São objetos, cartas, documentos, jornais, prédios, chafarizes, ruas, espacialidades reais e irreais que constituem a história coletiva e individual de uma cidade. Quando questionamos a memória ela não será a reprodução do que ocorreu no passado (palpável, odorífica, adrenalínica ou endorfínica) mas poderá ser o catalizador de lembranças intensas para aqueles que a viveram. Por outro lado, visitar memórias impessoais (aquelas que não foram vividas pelo visitante do tempo pretérito) poderá ser fator de novas experiências/conhecimentos e certamente, de reconstruções, pois as memórias são a matéria-prima para novas construções mentais e práticas, superficiais ou mais profundas, que compõem as amálgamas por vezes incoerentes que compõem a nossa consciência a qual dá sentido para nossa existência.
Ao reconstruirmos as memórias estamos dotando-as de vida, com novos sentidos e perspectivas: estamos fazendo com que pequenas frações do passado permaneçam vivas rompendo com o célere passamento e a diluição das obras das gerações anteriores. Na direção desta reflexão a coluna Memória & História vai se convertendo em expressões de um tempo presente onde a vida criadora se manifestou: a busca da compreensão da história (na coluna) se converte em palavras dotadas de historicidade (as matérias) que são fragmentos materiais preservados (o jornal) das experiências/vivências em sociedade (memórias da historicidade fugidia).     
Rua Marechal Floriano entre 1865-1870. As areias ainda não foram cobertas pelo calçamento. Quadra da esquina da Benjamin Constant em direção ao Beco do Afonso. Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. 

  
  

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