Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 14 de julho de 2018

INDÚSTRIAS DA CIDADE DO RIO GRANDE



         Um dos fatores do desenvolvimento econômico da cidade do Rio Grande foi às indústrias têxteis e de enlatados, que entre as últimas décadas do século XIX e meados do século XX empregaram milhares de trabalhadores. Rio Grande era chamada de a cidade das chaminés, com um considerável operariado envolvido com a produção de bens de consumo não duráveis, especialmente produtos alimentícios e têxteis. Além da tradicional indústria Rheingantz, que desde 1874, projetou Rio Grande em nível de Brasil como um modelo de integração do sítio industrial com o sítio de moradia do operariado, outras empresas tiveram destaque nacional e tinham um considerável mercado de consumo no centro do país. Dois exemplos são a Leal Santos & Cia, com capital inicial português e a Companhia de Tecelagem Ítalo-Brasileira, com participação acionária italiana.  

 LEAL SANTOS & CIA

         A Indústria Leal Santos foi fundada em Lisboa no ano de 1881, inaugurando uma fábrica em Rio Grande no ano de 1889. Seus fundadores foram Francisco Marques Leal Pancada, José Antônio Santos e Moysés Marcondes. Na década de 1910 cerca de 600 funcionários trabalhavam na fábrica que produzia bolachas com equipamentos que eram os mais modernos do Brasil naquele período. Fabricava também enlatados com peixes, carnes, caças, frutas e legumes. A fábrica em Rio Grande tinha três caldeiras e dois motores de 120 cavalos vapor, além de inúmeras máquinas. Com a forte concorrência do centro do país, a fabricação de bolachas foi encerrada, pois, somente o mercado regional não absorvia a produção. As latas de bolacha eram verdadeiras obras-primas produzidas na própria empresa. No ano de 1947, com a denominação de Indústrias Reunidas Leal Santos S/A, as atividades foram voltadas a indústria pesqueira com a utilização de dois barcos de grande tonelagem para pesca em alto mar denominados Albamar e Brisamar. No ano de 1967, em parceria com o Grupo Ipiranga, constituiu-se a Leal Santos Pescal S/A, que chegou a ser a maior empresa brasileira do setor pesqueiro em receita e em exportação.

Parte do complexo da Leal Santos (década de 1910) na rua Aquidaban (área atual da UNIMED). Acervo: Biblioteca Rio-Grandense.  
Operárias no interior da Fábrica da Leal Santos na década de 1910. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande.


COMPANHIA DE TECELAGEM ÍTALO-BRASILEIRA

         Denominada pela população de fábrica nova, foi fundada por Giovanini Hesemberger em 1894, o qual transferiu a empresa para Santo Bechi & Cia, de Gênova. Sua fachada principal ocupava duas quadras com frente para a Av. Senador Corrêa, terminando na esquina da rua 24 de Maio onde havia o palacete em que residia o diretor. A fábrica apresentava uma área construída de mais de 10.000 metros quadrados sendo desativada na década de 1950 tendo as instalações e o palacete demolidos. Restou a chaminé no interior do supermercado que atualmente ocupa aquela área. A indústria era especializada na fabricação de tecidos de algodão, recebendo de Pernambuco a matéria-prima. O algodão bruto era transformado em diversos tecidos, empregando mais de 600 operários e utilizando modernos equipamentos. Esta indústria têxtil fabricava brins, camisetas, panos para colchões etc. Em 1921, Paulo Ângelo Pernigotti, um de seus dirigentes, incorporou a empresa alterando a razão social para Companhia de Tecelagem Ítalo-Brasileira. No ano de 1942, nova mudança na razão social, para Companhia Fiação e Tecelagem Rio Grande, neste período tendo por dirigente Giuseppe Renato Pernigotti.
         Foram duas empresas de produtos de consumo não duráveis que obtiveram destaque no mercado nacional durante a época áurea de sua expansão e que acabaram por sucumbir frente ao complexo quadro concorrencial do mercado central brasileiro a partir da década de 1930.

Cartão-postal da Fábrica Ítalo-Brasileira por volta de 1915-20. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. 

Cartão-postal Fábrica Ítalo-Brasileira por volta de 1930. Flagrante de operários se deslocando na rua Senador Corrêa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário