Um dos
fatores do desenvolvimento econômico da cidade do Rio Grande foi às indústrias
têxteis e de enlatados, que entre as últimas décadas do século XIX e meados do
século XX empregaram milhares de trabalhadores. Rio Grande era chamada de a
cidade das chaminés, com um considerável operariado envolvido com a
produção de bens de consumo não duráveis, especialmente produtos alimentícios e
têxteis. Além da tradicional indústria Rheingantz, que desde 1874, projetou Rio
Grande em nível de Brasil como um modelo de integração do sítio industrial com
o sítio de moradia do operariado, outras empresas tiveram destaque nacional e
tinham um considerável mercado de consumo no centro do país. Dois exemplos são a
Leal Santos & Cia, com capital inicial português e a Companhia de Tecelagem
Ítalo-Brasileira, com participação acionária italiana.
LEAL SANTOS
& CIA
A
Indústria Leal Santos foi fundada em Lisboa no ano de 1881, inaugurando uma
fábrica em Rio Grande no ano de 1889. Seus fundadores foram Francisco Marques
Leal Pancada, José Antônio Santos e Moysés Marcondes. Na década de 1910 cerca
de 600 funcionários trabalhavam na fábrica que produzia bolachas com
equipamentos que eram os mais modernos do Brasil naquele período. Fabricava
também enlatados com peixes, carnes, caças, frutas e legumes. A fábrica em Rio
Grande tinha três caldeiras e dois motores de 120 cavalos vapor, além de
inúmeras máquinas. Com a forte concorrência do centro do país, a fabricação de
bolachas foi encerrada, pois, somente o mercado regional não absorvia a
produção. As latas de bolacha eram verdadeiras obras-primas produzidas na
própria empresa. No ano de 1947, com a denominação de Indústrias Reunidas Leal
Santos S/A, as atividades foram voltadas a indústria pesqueira com a utilização
de dois barcos de grande tonelagem para pesca em alto mar denominados Albamar e
Brisamar. No ano de 1967, em parceria com o Grupo Ipiranga, constituiu-se a Leal
Santos Pescal S/A, que chegou a ser a maior empresa brasileira do setor
pesqueiro em receita e em exportação.
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Parte do complexo da Leal Santos (década de 1910) na rua Aquidaban (área atual da UNIMED). Acervo: Biblioteca Rio-Grandense. |
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Operárias no interior da Fábrica da Leal Santos na década de 1910. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. |
COMPANHIA DE
TECELAGEM ÍTALO-BRASILEIRA
Denominada pela população
de fábrica nova, foi fundada por Giovanini Hesemberger em 1894, o qual
transferiu a empresa para Santo Bechi & Cia, de Gênova. Sua fachada
principal ocupava duas quadras com frente para a Av. Senador Corrêa, terminando
na esquina da rua 24 de Maio onde havia o palacete em que residia o diretor. A
fábrica apresentava uma área construída de mais de 10.000 metros quadrados
sendo desativada na década de 1950 tendo as instalações e o palacete demolidos.
Restou a chaminé no interior do supermercado que atualmente ocupa aquela área.
A indústria era especializada na fabricação de tecidos de algodão, recebendo de
Pernambuco a matéria-prima. O algodão bruto era transformado em diversos
tecidos, empregando mais de 600 operários e utilizando modernos equipamentos.
Esta indústria têxtil fabricava brins, camisetas, panos para colchões etc. Em
1921, Paulo Ângelo Pernigotti, um de seus dirigentes, incorporou a empresa
alterando a razão social para Companhia de Tecelagem Ítalo-Brasileira.
No ano de 1942, nova mudança na razão social, para Companhia Fiação e
Tecelagem Rio Grande, neste período tendo por dirigente Giuseppe Renato
Pernigotti.
Foram duas empresas de produtos
de consumo não duráveis que obtiveram destaque no mercado nacional durante a
época áurea de sua expansão e que acabaram por sucumbir frente ao complexo
quadro concorrencial do mercado central brasileiro a partir da década de 1930.
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Cartão-postal da Fábrica Ítalo-Brasileira por volta de 1915-20. Acervo: Museu da Cidade do Rio Grande. |
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Cartão-postal Fábrica Ítalo-Brasileira por volta de 1930. Flagrante de operários se deslocando na rua Senador Corrêa. |
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