Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

À BEIRA-MAR

       A prática dos banhos de mar no Brasil recua a alguns milênios antes do presente com as populações indígenas que habitavam o litoral brasileiro. Diga-se: antes da existência da unidade político-administrativa “Brasil” e dos “brasileiros...”. Banhos assistemáticos realizados por europeus chegados ao nosso litoral certamente ocorreram mesmo que não fosse uma prática generalizada. Sabemos que banho de mar, rio, arroio etc, ou água em si, não era propriamente o “costume radicado em tempos idos” entre os europeus. A medicina social, ao longo do século XIX, buscou reduzir as causas de muitos problemas de saúde que eram causados pela insalubridade: inclusive a falta de higiene corporal.
Banhos sistemáticos no Rio Grande do Sul podem ter sido trazidos, pela historiografia que abordou o tema, por comunidades alemãs radicadas no litoral norte e que já tinham esse hábito do banho de mar enquanto prática corriqueira dos estados de que eram oriundos e que constituíram a partir de 1871 a “Alemanha”.  Porém, o deslocar de algumas famílias em suas carroças até à beira mar não significava ter sido difundida uma lógica discursiva dos benefícios do banho de mar para a saúde e concomitantemente uma razão empresarial capaz de construir uma infra-estrutura balnear que buscava se espelhar nos centros balneares europeus (Biarritz, Dieppe etc) e do Uruguai (Pocitos).
Este início de um processo racional de formação de gerações de veranistas fundados na prática de banhos do mar se deu, inicialmente, no Balneário Vila Sequeira (Cassino) no ano de 1890. Ressalte-se: não é a primeira planificação dos banhos de mar em termos de Rio Grande do Sul, mas, de todo o Brasil! O famoso cartão-postal brasileiro/tropical que é Copacabana começa a ser desenhado tremulamente a partir de 1892... O Cassino já existia em uma prancheta desde 1885 com o planejamento de ruas, do trem ligando com Rio Grande, hotel, casas de veraneio, casas para aluguel (quadro), coleta de esgoto, restaurante a beira-mar (Chalet dos Dois Bicos), venda de produtos de banho importados da Europa, disciplinarização do banho de mar, infra-estrutura à beira mar  etc. A estrutura básica nasceu antes do processo ter início o que é uma raridade num país como o Brasil em que primeiro os passos vão sendo dados e depois se busca amenizar ou disciplinar os resultados e desequilíbrios. O litoral brasileiro é, infelizmente, um exemplo vigoroso de ocupações irregulares, destruição de dunas e vegetação, aterramento de mangues ou alterações profundas no ecossistema praial (sem excluir o Cassino destas práticas antiecológicas, em especial, a partir do final da década de 1950...).
Entre erros e acertos, o Cassino “deveria” ocupar um lugar especial na historiografia dos balneários brasileiros pelo seu pioneirismo e a busca de aplicar toda a tecnologia disponível no final do século XIX para criar um “espírito de veraneio à beira mar”. Este cotidiano do contato com as águas do Oceano Atlântico foi ritualizado a cada nova geração e como num túnel do tempo, a sociedade humana e a tecnologia foram se modificando – e muito- nestes últimos 128 anos. Foram guerras mundiais, telefone e meios de comunicação que encurtaram e até tornaram as distâncias uma fração simultânea de segundo: a informação sobre o evento é imediato e o excesso de informações chega a sufocar a razão! Foram as modificações das relações sociais que produziu novas expressões culturais que passaram, inclusive, pelas modificações do vestiário à beira-mar (inclusive chegando ao quase desaparecimento do vestuário...).
        Precisamos não esquecer que foi no extremo sul do Brasil, num balneário de inspiração européia e uruguaia, no Balneário Cassino, que começaram a ser gestadas as “sociabilidades praiais” envoltas pela justificativa dos banhos de mar medicinal (justificar a redução das roupas e a exposição dos corpos...). A fronteira entre a areia, as águas e horizonte, ao longo das décadas, foi sendo preenchido por personagens e tecnologias de várias épocas: roupas pesadas ou leves para o banho; vestidos da “bellé époque” ou saídas de banho transparente contemporâneas; culinária francesa nos primórdios ou churrasco com cerveja à beira mar nas práticas do último meio século.

O balneário Cassino está repleto de histórias, de gerações que convivem e enxergam diferentes imagens na areia e na água. De olhares nativos críticos  e de turistas despojados, estes últimos, passageiros de uma viagem multifacetada que busca eternizar lugares para guardar lembranças vívidas e prazerosas frente à inexorável transitoriedade das experiências civilizatórias.       
Ilustrações: cartões-postais do Estúdio Fontana nos primórdios do século XX.


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

OS TRAJES DE BANHO DE PRAIA


Desde o surgimento do balneário Cassino em 1890, os anúncios de trajes de banho se fazem presente em sintonia com a moda das mais famosas praias européias. Inicialmente, os trajes buscavam garantir o banho de mar medicinal e “esconder ao máximo o corpo dos banhistas”. A estética do corpo deveria ser subordinada a utilização de roupas que apenas permitissem o exercício da imaginação dos olhares, mas sem a exposição da epiderme e da morfologia. O banho de mar era feito com uma calça até os tornozelos (calção bufante) e uma túnica comprida que cobria todo o corpo. A nadadora australiana Annette Kellerman foi presa nos Estados Unidos em 1907 por usar um maiô de uma peça que ficava colado ao corpo. 
Na década de 1920, o comportamento feminino passa a apresentar novas facetas com o movimento feminista, a busca pelo sufrágio universal e o questionamento do padrão de vestir do Belle Époque e do paradigma “rainha do lar”. O cabelo curto, a redução do tecido usado para os vestidos levou a diminuição do seu peso e volume, surgem influências de vestir do orientalismo árabe e se consagra o ícone da moda “Chanel”, com uma forte dose de elegância e às vezes de mascunilinização no vestuário. Na praia surgem os macaquinhos de malha e as sapatilhas e meias compridas para uso na beira-mar.
A partir da década de 1930 os trajes se encurtam mais um pouco, ficando mais colados e curtos nas pernas surgindo um saiote para cobrir os quadris. Já na década seguinte, durante a Segunda Guerra Mundial, o maiô se emancipa do saiote que restringia os olhares e expõe as curvas femininas.  Na década de 1950 preponderam as duas peças para o traje de banho, porém pouco cavadas como se observa em filmes desta década estrelados por Marylin Monroe. Porém, em 1946 surgiu o famoso biquíni, um apelido dado devido ao teste nuclear no Atol de Biquíni e numa analogia de que pouca roupa sobraria após uma explosão atômica. Este “monumento cultural brasileiro”, foi criado na França por Louis Réarde e como nenhuma atriz queria fazer a sua divulgação pública, Réarde contratou a stripper Micheline Bernardini para desfilar o novo modelo. Até para ela era uma exposição escandalosa demais (pois o umbigo ainda não poderia ser mostrado) e somente no início dos anos 1960 é que o biquíni se popularizou com atrizes como Ursula Andress (no filme 007 “O Satânico Dr. No”) e na extrovertida atriz Brigitte Bardot. As imagens de pin-ups que preenchiam o imaginário masculino desde a década de 1940, abandonam o maiô e passam a usar o biquíni!
É o biquíni que começa a comandar os anos 1960 (ainda tentando romper o pudor como no música americana “Biquíni de Bolinha Amerilinho” adaptado por Cely Campelo), década da contracultura e da libertação sexual com a difusão da pílula anticoncepcional e o “equilíbrio do terror entre procriação e desejo”. Mostrar o corpo vai se tornando obrigatório e não escandaloso! Dos trajes que ocupavam uma mala inteira em 1900 agora o traje de banho poderia se levado na palma da mão e isto se manteve nos anos 1970 quando surge o modelo tanga, com cintura baixa e amarrado dos lados.
Porém, se a França criou o biquíni, foi o Brasil que o saboreou culturalmente, pois americanas e européias até hoje são mais discretas na utilização das peças demasiadamente pequenas na cintura. Aceitam com naturalidade até o topless, mas os glúteos ainda são fator de pudor. No Brasil, no final dos anos 1970 formas de reduzir a peça continuam a ser pensadas diuturnamente e se enrola as laterais do biquíni para ficarem mais cavados, o famoso “enroladinho”. A imaginação das cariocas que desfilavam seus corpos ávidos de sol pelas praias do Rio de Janeiro e criavam a “matriz disciplinar de quanto mais bronzeado melhor” (com direito a bronzeadores como “raíto del sol” e produtos caseiros – óleo de amêndoas, urucum, margarina etc -, para produzir a cor tropical) difundiu a estética da torração epidérmica até nos confins do Brasil Meridional. Na década de 1980 surge o idolatrado traje do biquíni asa-delta, que buscava alongar a cintura e aumentar a dimensão dos glúteos, evidenciando a anatomia privilegiada tupiniquim. Ainda nos anos 80, a criatividade avançou para a criação do modelo fio dental que exige curvas arrojadas e pele firme. Esses modelos são basicamente banidos em praias da Europa.
No Brasil, o último passo previsto desta caminhada seria o abandono completo das roupas de banho e o nudismo. Porém, os anos 1990 fizeram, num caminho inverso, a peça ser ampliada e surge o sunquíni (sunga por baixo, top e camiseta por cima), num retorno as duas peças da década de 1950 e na ampliação da cobertura do corpo. As perspectivas da elegância e com a preocupação dos resultados de um excesso de miniaturização do biquíni passam a se ampliar e a praia passa a conviver com os mais diferentes estilos e tamanhos. A certeza é que ainda não chegou à hora da completa abolição dos trajes de banho, apesar da atual selvageria pós-moderna funk e a crise de valores ético e morais, que cobre da grande política até a beira-mar, seja ainda a moeda circulante na terra brasilis.
Atualmente, entre estéticas para todos os gostos a praia conta com tudo: morfologias diferenciadas sendo torradas pelo Astro Rei, cujos raios ultravioletas tem projetado Rio Grande como uma das capitais mundiais do câncer de pele. Na praia se encontra um espaço democrático num flash de olhos e avaliações subjetivas, num atrair e repulsar na informação dos neurônios. A nudez total ainda chamaria a atenção, mas os outros limites de tamanho das indumentárias já foram superados num universo em que a sedução dos trajes muitas vezes está voltada ao explícito excessivo e de gosto duvidoso. Numa comparação com os primórdios dos banhos de mar, as vestimentas atuais são incomunicáveis com os padrões da Belle Époque dos anos 1900, quando o Balneário Cassino completava apenas 10 anos de idade.



Trajes de banho no século XIX.
Annette Kellerman com o primeiro maio em 1907. Foi presa no ano seguinte pois a peça foi proibida. 



Praia dos Estados Unidos em 1922.

Primeiro biquini (1946)





AS PRAIAS DE PORTUGAL



         Quando no ano de 1890 surge em Rio Grande à publicação Guia dos Banhistas buscando divulgar e orientar os veranistas do Balneário Cassino, outra publicação em língua portuguesa tivera anteriormente êxito editorial na Península Ibérica e também no Brasil: o livro de Ramalho Ortigão As Praias de Portugal: guia do banhista e do viajante (Porto: Livraria Universal, 1876). O autor fez um levantamento das principais praias portuguesas colaborando para a difusão do hábito do banho de mar e a de valorização de uma cultura voltada ao Oceano. Ele alterna informações científicas da época com uma linguagem literária bastante despojada e irreverente, muitas vezes irônica e picante do cotidiano lusitano.
Para Ramalho Ortigão, o mar foi o primeiro guia da humanidade, sendo que foi na Grécia e na Fenícia que as primeiras expedições marítimas iniciaram os domínios sobre as forças da natureza. “Amorável e austero, foi ele que primeiro embalou o berço do homem e que em seguida o acordou para os nobres trabalhos, sugerindo-lhe as primeiras noções do universo. O desenvolvimento dos estudos naturais tem progressivamente modificado a opinião inculta supersticiosa e aterrada de que o mar é o insondável abismo tenebroso e deserto. Guia dos homens, promotor das civilizações, revelador do universo, progenitor das ideias que determinaram o abraço fraterno da humanidade em todo o mundo, o mar é ainda o mais poderoso foco, o mais abundante manancial da vida”.
         Ressaltando os aspectos terapêuticos do banho de mar tão difundidos pela medicina do século 19, o autor enfatiza: “Tudo aquilo de que precisa o teu abatido organismo, a tua imaginação, o teu caráter, a tua alma, o mar possui para te dar. Ele tem o fosfato de cal para os teus ossos, o iodo para os teus tecidos, o bromureto para os teus nervos, o grande calor vital para o teu sangue descorado e arrefecido. Para as curiosidades do teu espírito ele tem as mais interessantes histórias, os mais engenhosos romances, os mais comoventes dramas, as mais prodigiosas legendas”.
         Buscando a identidade lusitana nas viagens marítimas dos séculos 15 e 16, quando os portugueses pioneiramente desenvolvem as técnicas para viagens oceânicas as quais seriam referência para outras nações, o autor cita a frase de Camões ‘A minha alma é só de Deus, E o meu corpo é do mar!’ ressaltando que “tal é o grito valoroso e sublime da alma de um povo que a Providencia destinou a ter no mar a sua historia, a sua inspiração artística, a melhor, a mais bela, a mais gloriosa parte da sua existência, finalmente, a sua segunda pátria”.
São descritos com maior ou menor brevidade as praias da Foz do Douro, Leça da Palmeira e Matosinhos, Pedrouços, Povoa de Varzim, A Granja, Cascaes, Vila do Conde, Espinho, A Ericeira, A Nazaret, Figueira da Foz, Setubal e as Praias Obscuras (denominação para praias de menor frequência).
Para Ramalho Ortigão, a Praia de Setubal é bastante freqüentada pelos banhistas da província do Alentejo e da Extremadura Espanhola. A exposição de Setubal, na foz do Sado, cercada de magníficos pomares e dos celebres vinhedos de Moscatel, que se estendem ao longo de graciosas colinas, é extremamente risonha e pitoresca. A população, quase toda empregada no comércio do sal, na exportação da laranja, no fabrico dos vinhos, é ativa e trabalhadora.
A Praia de Espinho é de todas as praias a mais estimada por aqueles que a freqüentam. Os banhistas de Espinho tomam-se todos por este sítio de uma espécie de exaltação patriótica, exclusiva e intransigente. Não admitem o paralelo da sua praia com qualquer outra, e consideram os que tomam banho noutras regiões do globo como adversários, quase como inimigos...
Sobre Cascaes: “se queres dar, leitor, o mais belo dos passeios permitidos ao habitante de Lisboa, faz o que eu ontem fiz. Levanta-te às 5 horas da manhã, num domingo, veste-te a luz do candieiro, porque em setembro ainda não é bem dia a essa hora, pega na tua bengala e no teu binóculo e vai à ponte dos vapores ao cais do Sodré. Tomamos um bilhete de ida e volta no vapor de Cascaes por dez tostões”.
Vila do Conde é talvez a menos freqüentada pelos banhistas, o que não obsta a que seja uma das mais pitorescas e mais belas povoações marítimas de Portugal.
         A praia da Granja a meia hora do Porto, atraíra sucessivamente os banhistas e a fizeram o que ela é hoje: a mais graciosa, a mais fresca, a mais aceiada das estações de recreio em Portugal.
Pedrouços é a mansão oficial da vilagiatura burocrática de Lisboa. Chefes de secretaria, oficiais, amanuenses, tabeliães, guarda-livros, caixeiros de escritório, escrivães, retemperam anualmente em Pedrouços a sua pálida e sedentária fibra plumitiva. Por isso, Pedrouços, a uma légua de Lisboa, tem um pouco o aspecto de uma secretaria do Estado—ao ar livre.
O grande defeito de Leça de Palmeira é que a sua vida objetiva é quase exclusivamente mineral e vegetal. Entre tantas casas, tantos quintais, tão belas arvores, o animal desaparece, o cão esconde-se, o homem sepulta-se, a mulher some-se.
Na Figueira da Foz a convivência era tão pouca, que toda a gente comia salada de alho, francamente, sem receio de vir a falar com outrem que não fosse à família. “Na minha casa, o teor era este: de manhã, depois do banho, às oito horas, almoçava-se café com leite, pão com manteiga fresca, que vinha das terras de minha avó. Ao meio-dia jantava-se. Às oito horas e meia, quando os tambores e as cornetas do Castelo tocavam a recolher, comia-se peixe cosido, bifes, enormes quantidades de melão; procedia-se á operação de ir cada um para o seu quarto queimar os mosquitos; e todos se deitavam em seguida. Alta noite acordava-se por via de regra uma vez. No grande silêncio da terra ouvia-se o mar bramir e rebentar na costa com um eco solene e triste. Muita gente vinha do Porto, de madrugada, tomava banho e regressava à cidade”.
Para finalizar esta breve seleção de visões do autor, o olhar crítico também recaiu na influência francesa na alimentação: “Nos grandes restaurantes de Lisboa, a preocupação francesa desnorteia os cozinheiros e leva-os a envenenar-nos com burundangas asquerosas, cujos efeitos gástricos levam muitas vezes a vítima a lamentar que, em vez de terem vendido a sua alma ao estrangeiro, os cozinheiros a não tivessem vendido ao diabo, para não manipularem para mais ninguém as suas mixórdias execrandas e traidoras. Na tasca da feira de Belém, a caldeirada de mexelhão e de ruivo, os camarões, as saladas de alface ou de pimentos, o linguado frito, constituem a lista do que Portugal pôde oferecer de mais perfeito na ordem dos simples e honestos acepipes nacionais”.

Ilustrações: Praias portuguesas em desenhos do livro de Ramalho Ortigão (1876).




quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

VISTAS AÉREAS DO LITORAL BRASILEIRO

         Praias do litoral vistas de cima se tornou uma especialidade da editora Foto Postal Colombo! Alfredo e Aldo Colombo eram os proprietários da empresa que se inovou e se especializou em fotografias aéreas de cidades brasileiras. Sobrevoaram Rio Grande em meados dos anos 1950 e fizeram imagens “espetaculares” do centro urbano. Ao sobrevoar as cidades eles lançavam panfletos que era uma alegria das crianças em pegá-los. O bilhete dizia: “Neste momento sua cidade é sobrevoada pela nossa aeronave prefixo PT-ASQ e fotografada para cartões-postais. Procure dentro de alguns dias, nas melhores casas do ramo, papelarias, livrarias e souvenirs, as fotos mais lindas para enviar aos seus amigos e parentes, divulgando as belezas de sua terra. Equipe Aérea da Foto Postal Colombo”.
         Verão é o período para venerar o Sol (embaixo do guarda Sol e coberto por bloqueador solar...)  e aproveitar as delícias da beira-mar. A linguagem da cidade do Rio Grande no verão se traduz na praia do Cassino! Isto se repete pelo litoral do Brasil onde os veranistas acorreram repetindo uma rememoração de culto ao Oceano que se repete a mais de cem anos (para mais ou para menos, dependendo da localidade – no Cassino são 118 anos).
Estas imagens instigam um olhar para os anos 1950: as praias de Copacabana, Ipanema, Leblon e Gonzaga (Santos) eram um chamado ao lúdico que traduzia o país tropical e o projetava no imaginário da população do hinterland brasileiro. Ao mesmo tempo enunciava ao turismo internacional um país com belezas naturais e uma morfologia praial atraente e até exótica. 
    
Ilustrações: cartões-postais Foto Postal Colombo - anos 1950.