Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

segunda-feira, 17 de julho de 2017

RIO GRANDE EM 1930

Em 1930, a população de Rio Grande era de 49.544 habitantes. Atualmente, entre habitantes (para o IBGE quase 200.000) e trabalhadores que não declaram residência ou visitantes, devemos estar próximos aos 240.000. As informações a seguir correspondem à dinâmica econômica e social de uma realidade que recua a mais de 7 décadas no passado. A população era cerca de 5 vezes menor do que hoje. A fonte dos dados é o famoso Almanaque Laemmert, publicado no Rio de Janeiro, edição para o ano de 1930.
Curiosidades: o comando do Exército estava instalado na Rua General Telles (hoje Largo Engenheiro João Fernandes Moreira esquina General Osório (prédio do Quartel General e que hoje faz parte da administração da Prefeitura Municipal). Não se chamava 6° GAC e sim 6a Brigada de Infantaria e o comandante era um General de Brigada. A Junta de Serviço Militar funcionava no Quartel General da 6a Brigada de Infantaria.
O Correio se localizava na Praça General João Telles (atual Xavier Ferreira) e havia 167 assinantes de caixas postais. 
A Caixa Econômica Federal, a Estação Rio Grande do Telégrafo e o Tiro de Guerra funcionavam no prédio da Alfândega. Este, que é o primeiro Tiro de Guerra do Brasil, tinha sua Linha de Tiro na Rua Rheingantz.  
A Mesa de Rendas ficava na rua Marechal Floriano (originalmente a moradia do Barão de São José do Norte).
A Biblioteca Rio-grandense tinha uma freqüência de 1.000 leitores por mês. Das 19 às 21h, funcionava, gratuitamente, cursos noturnos de instrução primária contando com cinco professores. A Biblioteca possuía 50.000 volumes e ficava aberta das 10 às 19h.
O Ginásio Municipal Lemos Junior era dirigido por um reitor. As duas classes de professores eram os catedráticos e os docentes. Outros cargos eram os de Inspetor Federal, Inspetor médico, Instrutor militar, Instrutor de ginástica, Instrutor do ginásio e dentista.
A Direção Geral do Porto e da Barra do Rio Grande ficava na rua Marechal Floriano 215.
Havia quatro paróquias: S. Pedro do Rio Grande; N.S. do Monte do Carmo; N.S. das Necessidades do Povo Novo; N.S. da Conceição do Taim.  As lojas maçônicas eram a Acácia Rio-grandense; Estrela do Sul; Henrique Valadares; Filantropia; União Constante.
Algumas associações que eram atuantes hoje não mais existem, estão inoperantes ou receberam outra razão social: Associação dos Mestres Práticos; Associação Beneficente dos Guardas da Alfândega; Associação dos Empregados no Comércio; Centro Republicano do Rio Grande; Circolo Italiano; Clube Saca- Rolhas; Clube Caixeral; Clube Gaspar Martins; Clube Germânia; Clube Recreio Operário; Congresso Português; Sociedade das Classes Laboriosas; Sociedade Italiana Mutua Cooperazione; Beneficência Portuguesa; Sociedade Rio-grandense de Estradas de Rodagem; Sociedade União dos Trabalhadores da Estiva; Tiro de Guerra n.1.
A vida esportiva era muito intensa e além dos clubes que até hoje sobrevivem, vários outros buscaram ocupar um espaço: Associação Esportiva de Amadores; Associação Rio-grandense de Desportos; Associação Rio-grandense de Atletismo; Club de Regatas Rio Grande; Grêmio Náutico Almirante Barroso; Sport Club São Paulo; Sport Club Rio Grande; Foot-Ball Club Rio Grandense; Foot-Ball Club Padeiral; Foot-Ball Club General Osório; Sport Club União Fabril; Loréa, Miranda & Fernandes Foot-Ball Club; Grêmio Esportivo D. Pedro II; Sport Club Internacional.
O Corpo Consular estabelecido em Rio Grande era amplo. Consul, vice-consul ou chanceleres, eram os representantes de vários países:  Argentina, Alemanha, Chile, Dinamarca, Estados Unidos, França, Bélgica, Espanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Uruguai e Inglaterra. 
Atuavam na cidade 9 açougues, 17 advogados, 4 agentes de água mineral, 11 alfaiatarias, uma  fábrica de alpargatas, duas de aniagens (União Fabril e Ítalo-brasileira), 3 armadores funerários, 6 lojas de artigos para homens, 3 armazéns navais, 6 confeitarias, 8 fábricas de conservas, 6 lojas de coroas fúnebres, 2 correarias, 2 curtumes, 11 dentistas, 3 drogarias de manipulação (Unicum, Faral e Drogaria Inglesa), 18 farmácias,  6 oficinas de encadernação, 14 engenheiros civil,  4 estaleiros, 3 asilos, 2 hospitais, 20 loja de fazendas, 12 ferragens, 5 ferrarias, 1 fábrica de fogões, duas fundições, uma fábrica de gasosa (Schimitt), 11 hotéis, 27 importadores e exportadores, 6 jornais, 3 leiterias, uma fábrica de licores, uma loja de máquina de costura, 5 lojas de máquina de escrever, duas fábricas de massas, duas2 modistas, 12 fábricas de móveis, 23 médicos, 10 padarias, 6 parteiras, 3 exportadores de peixe seco e salgado, uma fábrica de pregos, 21  restaurantes e casas de pasto, 3 fábricas de sabão e velas, 10 sapatarias, 47 secos e molhados, 4 teatros e cinemas, 2 tradutores juramentados e 10 exportadores de charque.

Observando a diversidade de atuação do segmento comercial, industrial e do proletariado em geral, e considerando que várias associações não foram citadas, a impressão é que a ‘cidade encolheu’ em representatividade e atuação esportiva e cultural.  Salta aos olhos o número de clubes sociais e esportivos, de representação diplomática, de teatro e cinema, de associações várias, do número de associados e freqüência a Biblioteca Rio-grandense etc. Ou será somente impressão? Ou será que as formas de sociabilidade no país tiveram grande modificação desde 1930? 

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