No mês de
julho de 1914, teve início o maior conflito militar até então ocorrido. A
Grande Guerra - como foi conhecida em sua época-, encerrou um ciclo de paz entre
potências européias que se estendeu após as revoluções liberais burguesas do
século XVIII e do período napoleônico nas duas primeiras décadas do século XIX.
A ‘Belle Époque’, iniciada na década de 1870, encontrava seu termo na
conflagração entre vários países europeus além de outros que ingressaram no
conflito.
O estopim do
enfrentamento está relacionado ao assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, em Saraievo, no dia 28 de junho
de 1914. Um mês depois, no contexto da chamada ‘crise de julho’, o Império
Austro-Húngaro declara guerra a Sérvia iniciando o conflito. O pano de fundo é
a crise das Balcãs, região até hoje em evidência. É claro que um fator pontual
não explica as raízes do conflito! A partilha colonial, o chamado novo
colonialismo no século 19, não satisfez os interesses de expansão de todos os
países colonizadores envolvidos na partilha afro-asiática. Com o crescimento
científico e tecnológico e a Revolução Industrial entrando em uma fase de
produção em série, os mercados e fontes de energia se tornam cruciais para o
crescimento de Estados que usam o recurso do nacionalismo de forma cada vez mais
enfática. A solução diplomática vai sendo esgotada e o belicismo se intensifica
no ano de 1914.
Uma das
características desta guerra é que a tecnologia militar é mortífera mas não
sofisticada. O confronto bélico ainda está estrategicamente ligado a um corpo a
corpo que envolve milhões de soldados, com perdas humanas em números absurdos
em batalhas sangrentas. Pela primeira vez o avião foi utilizado para combate
aéreo e bombardeio, num período em que ele ainda estava associado à acrobacia.
Gás venenoso é usado em grande escala e fuzilamento de prisioneiros torna-se um
local comum.
Os países
beligerantes se uniram em dois blocos: a Tríplice Entente (Aliados)
constituídos por França, Império Britânico, Império Russo, Estados Unidos, Reino
de Itália, Sérvia, Japão e vários outros países; Tríplice Aliança (Impérios
Centrais) constituídos pela Alemanha, Áustria-Húngaro, Império Otomano,
Bulgária etc.
A entrada dos Estados Unidos no conflito, em
1917, foi decisivo para fortalecer os Aliados. Com a Revolução Bolchevique na
Rússia em outubro de 1917, os revolucionários derrubam o czar Nicolau II e tem
início uma guerra civil que se estende até 1922. Os russos, em março de 1918,
afastam-se da I Guerra Mundial.
A agonia da ‘guerra
das trincheiras’ – a guerra estagnada e não dinâmica -, legou um imaginário de
brutalidade e carnificina. Os números do confronto apontam cerca de 19 milhões
de mortos, sendo 10 milhões de militares e 9 milhões de civis. Ao final da
guerra, em 11 de novembro de 1918, o terror teve continuidade com a mais
virulenta epidemia da história da humanidade: a gripe espanhola que matou mais
do que os quatro anos de conflito.
O Brasil rompeu relações com a Tríplice
Aliança devido ao torpedeamento e afundamento do vapor brasileiro Paraná no dia
5 de abril de 1917. No dia 11 de abril o Brasil rompe relações diplomáticas e
passa a confiscar navios alemães em portos brasileiros. Mais dois navios
brasileiros são torpedeados e com o clamor popular, o governo declara guerra em
26 de outubro de 1917. A participação foi muito restrita com o envio de um
grupo de aviadores e de um corpo médico-militar. A Marinha enviou uma esquadra
naval para o patrulhamento da costa noroeste da África e do Mediterrâneo. No
retorno do corpo médico a gripe espanhola veio junto provocando milhares de
mortos nas mais diferentes cidades brasileiras. O pesadelo da guerra veio para
o Brasil na forma do vírus influenza.
Alguns historiadores
interpretam que a ‘paz retaliatória’ que foi imposta aos derrotados da Tríplice
Aliança (especialmente a Alemanha), foi um fator vital para o desencadear, em
1939, da II Guerra Mundial.
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