Recentemente,
degustei um chocolate português que é uma mistura de sabor e nostalgia: o “Chocolate
para Turista” da Fábrica Regina. Estes modelos chamados de “Costa do Sol” foram
produzidos nas décadas de 1930-40 quando o Estoril era o “primeiro destino chic
e cosmopolita de Portugal”.
A Fábrica
Regina nasceu em 1928 no bairro lisboeta de Alcântara e encerrou suas
atividades nos anos 1990. Em 2002, após sua venda, a marca foi relançada pela
fábrica Imperial que propiciou uma volta ao passado: uma caixa com três
tabletes de 100 gramas cada reproduzindo as estampas e o sabor da época.
O chocolate
é um ótimo pretexto para relembrar um pouco da trajetória do Estoril, um
Distrito de Lisboa que faz parte do Conselho de Cascais. Localizado entre
Cascais (a Riviera Portuguesa) e São João do Estoril, o turismo se desenvolveu
nas primeiras décadas do século XX no Monte
Estoril que, estrategicamente, foi privilegiado com a construção dos caminhos
de ferro que ligam a cidade de Lisboa à vila de Cascais, numa
distância de cerca de apenas 20 quilômetros.
A beleza da paisagem e a construção de um portentoso Cassino (que até o
presente é considerado o “maior Cassino da Europa”), foi fundamental para o
desenvolvimento da localidade. O local se tornou um refúgio para aristocratas
no verão e refúgio de exilados políticos de outros países europeus. Vários
prédios suntuosos e casas apalaçadas foram construídos orientados pela
“arquitetura de ostentação” que acabou atraindo ainda mais turistas.
Na década de 1910, o Estoril já estava se afirmando como um complexo
turístico e termal de luxo que atraia milhares de turistas, especialmente,
europeus. Foi neste contexto de desenvolvimento de um turismo de luxo que se
firmou o produto de oito décadas atrás e que hoje ostenta esta frase em sua
caixa: “delicioso chocolate confortável para os turistas”.
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