Vivemos um
período que ficará registrado na história da meteorologia do Rio Grande do Sul.
Entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014 ocorreram duas ondas de calor
(uma iniciada ainda em dezembro e que se estendeu até aproximadamente 23 de
janeiro) e a segunda que está em andamento e teve início no dia 27 (e que
poderá ser a mais expressiva dos últimos cem anos). O que chama a atenção é a
seqüência de dias com alta temperatura que ultrapassam os 37º em inúmeras
cidades. Isto é muito mais significativo do que em somente um dia os ponteiros
chegarem a 40º (como no dia 1 de janeiro de 1943 quando Porto Alegre registrou o
recorde de 40,7°).
Para os veranistas o calor pode ser uma
boa notícia mas para os agricultores/pecuarista um evento preocupante que pode
causar grandes prejuízos financeiros. Mas em termos gerais o calor excessivo é
fator de incômodo ou mal-estar, provocando queda na pressão arterial. E um
motivo a mais de preocupação para que com o aumento do consumo de energia
elétrica, não ocorram as famosas interrupções no fornecimento que já são comuns
em nossa cidade.
A Metsul Meteorologia, site que
recomendo a todos pelo caráter científico do seu trabalho, pesquisa a matriz
histórica dos registros meteorológicos o que permite vislumbrar o comportamento
climático no passado. No ano de 1914, conforme a Metsul, o verão pode ser
considerado quente com marcas superiores a 30 graus em grande parte do mês de
janeiro. Porém, a seqüência de dias quentes não se aproxima das altas marcas
deste mês de janeiro de 2014. Porto Alegre é um exemplo, pois chegou a acusar
41º graus (Sistema Metroclima) e teve uma temperatura acima de 33° em vários
dias.
Os moradores de Rio Grande acabam
estranhando ainda mais os dias demasiadamente quentes, pois a brisa oceânica
construiu a visão tradicional de que mesmo no verão, quando chega a noite, é
preciso levar um casaco leve para não sentir frio. Sufoco demasiado como se
sente em Santa Cruz do Sul ou Santa Maria (a Depressão Central) nem pensar.
Porém, este ano está muito diferente pois nem estar na planície litorânea tem
garantido o refrescar...
Para quem quer tecnicamente entender porque está ‘derretendo’, reproduzo
o gráfico explicativo da Metsul Meteorologia publicado no último dia 28 de
janeiro pelo meteorologista Eugenio Hackbart. Também está reproduzido o mapa de
temperaturas para o início de fevereiro (com previsão de elevadas temperaturas
para o Rio Grande do Sul).
Até meados de fevereiro a tendência é esta segunda onda
de calor se manter e garantir temperaturas elevadas e sufoco generalizado. Para
quem é fã de um verão escaldante aproveite a maior seqüência de dias tórridos
dos últimos cem anos...
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