No ano do
bicentenário da Irmandade da Conceição (2014) quero destacar a relevância deste
evento e também trazer a luz um artigo elaborado pelo professor Pedro Mentz
Ribeiro e outros pesquisadores, referente às escavações arqueológicas
realizadas nesta igreja no ano de 2003.
Aproveito
para enfatizar o trabalho de estudos arqueológicos deixado pelo prof. Pedro Mentz
Ribeiro e a sua contribuição para o conhecimento da história da cidade do Rio
Grande. Prof. Pedro foi um colega da FURG que deixou um legado de dedicação as
pesquisas arqueológicas além da saudade da perda de seu convívio. Ele e sua
equipe também realizaram escavações na Igreja Matriz de São Pedro, na cacimba
da Praça Sete de Setembro, no Forte Jesus-Maria-José, no Sobrado dos Azulejos
etc.
O artigo "Escavações
Arqueológicas na Igreja Nossa Senhora da Conceição" foi publicado na Revista Biblos
(DBH/FURG, 2006) e apresenta os resultados das prospecções de até 1,90 metros
de profundidade com a análise do material encontrado: metal, cerâmica indígena
e colonial fainça, louça, lítico, vidro etc, além da descoberta de um poço
anterior a construção da igreja. Afinal, a Praça Sete de Setembro é o local da
primeira ocupação luso-brasileira sistemática no Rio Grande do Sul (população
civil no entorno do Forte Jesus-Maria-José) e era chamada de Praça do Poço,
devido aos poços e cacimbas aí localizados desde o século 18.
Conforme o artigo, devido a proibição, desde a década de
1840, do enterramento no interior de igrejas, não foram encontrados
sepultamentos na área interna da Igreja Nossa Senhora da Conceição, pois o
início da sua construção ocorreu em 1872. A igreja foi construída em estilo
neogótico, neomanuelino, com arcadas e colunas em madeira, destacando-se o
altar e os púlpitos entalhados em madeira. O local escolhido foi junto à Praça
do Poço, lateral leste. No dia 13 de dezembro de 1874, embora não estivesse
totalmente concluída, foi inaugurada a capela, momento no qual foi transferida
a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Para Ribeiro, a partir de 1888 a capela original foi
ampliada. Por uma influência do Visconde Antônio Joaquim Pinto da Rocha,
prestigiada figura da comunidade, ligado à igreja católica e também à
maçonaria, a ampliação acabou tendo um traçado da fachada num estilo muito
próximo ao da Loja Maçônica União Constante da cidade do Rio Grande. As obras
foram concluídas em 20 de setembro de 1890, mantendo a igreja até hoje, os
traços daquela época. No mesmo dia a igreja Nossa Senhora da Conceição foi
consagrada oficialmente.
O estudo deste poço, para Ribeiro, permitiu concluir “que
ele pertencia a uma residência situada ao oeste, provavelmente junto à rua, ou
seria um dos dez que abasteciam a cidade por volta de 1860. Com o início da
construção da igreja (1872), o mesmo teria sido aterrado. Não foram encontrados
vestígios do forte Jesus-Maria-José, de 1737, descartando uma tradição oral de
que a igreja teria sido construída sobre aquela construção militar, marco da
colonização portuguesa”.
A observação é pertinente, pois o Forte Jesus-Maria-José apesar
de ficar fora da área da praça, estava suficientemente perto para que a
tradição oral tivesse construído esta identificação.
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