Porto do Rio Grande em 1908

Porto do Rio Grande em 1908

sábado, 15 de julho de 2017

IGREJA DA CONCEIÇÃO


Fonte: Fortunato Pimentel, Aspectos do Município do Rio Grande (1944)


No ano do bicentenário da Irmandade da Conceição (2014) quero destacar a relevância deste evento e também trazer a luz um artigo elaborado pelo professor Pedro Mentz Ribeiro e outros pesquisadores, referente às escavações arqueológicas realizadas nesta igreja no ano de 2003.
Aproveito para enfatizar o trabalho de estudos arqueológicos deixado pelo prof. Pedro Mentz Ribeiro e a sua contribuição para o conhecimento da história da cidade do Rio Grande. Prof. Pedro foi um colega da FURG que deixou um legado de dedicação as pesquisas arqueológicas além da saudade da perda de seu convívio. Ele e sua equipe também realizaram escavações na Igreja Matriz de São Pedro, na cacimba da Praça Sete de Setembro, no Forte Jesus-Maria-José, no Sobrado dos Azulejos etc.

O artigo "Escavações Arqueológicas na Igreja Nossa Senhora da Conceição" foi publicado na Revista Biblos (DBH/FURG, 2006) e apresenta os resultados das prospecções de até 1,90 metros de profundidade com a análise do material encontrado: metal, cerâmica indígena e colonial fainça, louça, lítico, vidro etc, além da descoberta de um poço anterior a construção da igreja. Afinal, a Praça Sete de Setembro é o local da primeira ocupação luso-brasileira sistemática no Rio Grande do Sul (população civil no entorno do Forte Jesus-Maria-José) e era chamada de Praça do Poço, devido aos poços e cacimbas aí localizados desde o século 18.

Conforme o artigo, devido a proibição, desde a década de 1840, do enterramento no interior de igrejas, não foram encontrados sepultamentos na área interna da Igreja Nossa Senhora da Conceição, pois o início da sua construção ocorreu em 1872. A igreja foi construída em estilo neogótico, neomanuelino, com arcadas e colunas em madeira, destacando-se o altar e os púlpitos entalhados em madeira. O local escolhido foi junto à Praça do Poço, lateral leste. No dia 13 de dezembro de 1874, embora não estivesse totalmente concluída, foi inaugurada a capela, momento no qual foi transferida a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Para Ribeiro, a partir de 1888 a capela original foi ampliada. Por uma influência do Visconde Antônio Joaquim Pinto da Rocha, prestigiada figura da comunidade, ligado à igreja católica e também à maçonaria, a ampliação acabou tendo um traçado da fachada num estilo muito próximo ao da Loja Maçônica União Constante da cidade do Rio Grande. As obras foram concluídas em 20 de setembro de 1890, mantendo a igreja até hoje, os traços daquela época. No mesmo dia a igreja Nossa Senhora da Conceição foi consagrada oficialmente.

O estudo deste poço, para Ribeiro, permitiu concluir “que ele pertencia a uma residência situada ao oeste, provavelmente junto à rua, ou seria um dos dez que abasteciam a cidade por volta de 1860. Com o início da construção da igreja (1872), o mesmo teria sido aterrado. Não foram encontrados vestígios do forte Jesus-Maria-José, de 1737, descartando uma tradição oral de que a igreja teria sido construída sobre aquela construção militar, marco da colonização portuguesa”.

A observação é pertinente, pois o Forte Jesus-Maria-José apesar de ficar fora da área da praça, estava suficientemente perto para que a tradição oral tivesse construído esta identificação. 

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